O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se apresentou à Justiça para iniciar sua pena de prisão, conforme havia indicado o juiz federal Sérgio Moro (o limite era às 17h desta sexta-feira, 6). Ele encontra-se, física e simbolicamente, encastelado na sede do Sindicato, em São Bernardo do Campo.
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Provavelmente, os advogados devem ter aconselhado a espontânea apresentação de Lula, todavia, o fervor da militância, clamando pela resistência, até o momento prevaleceu. A decisão é de não se entregar e, assim, criar uma cena política de sair conduzido pela Polícia Federal ladeado pelos milhares de militantes.
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Qualquer ação, doravante, pode tomar um ar de imprevisibilidade, visto que, sociologicamente, o Estado é o detentor do monopólio da violência e, por isso, pode fazer uso da força física para fazer cumprir a ordem de prisão. Não creio que as forças policiais optem por essa via assentada na legitimidade do Estado Democrático de Direito.
Há, no lulismo, uma radicalização do discurso. Contudo, na ação política, para além do discurso, há muito, Lula entendeu que, para ser eleito, deveria mudar sua imagem (recordemos o “lulinha paz e amor”). O enfrentamento concreto contra as instituições e as decisões judiciais pode lhe trazer mais prejuízos que dividendos, sobretudo eleitorais.
O Estado e suas instituições não podem ser solapadas por indivíduos, partidos políticos ou grupos. Caso isso ocorra, o que está em jogo não é prisão de Lula, mas, essencialmente, a democracia, os valores republicanos e o respeito à igualdade perante a lei. Prevalecerá, ao que tudo indica, uma solução negociada e não um confronto.
*Professor e pesquisador do Centro de Ciências Sociais e Aplicadas da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Graduado em Ciências Sociais, mestre e doutor em Sociologia