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Ex-vice do BB é preso pela PF

Os agentes apreenderam 1 milhão de reais e euros, em espécie, lingotes de ouro e um diamante na operação

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Por Redação
Atualização:

Allan Toledo. Foto: Divulgação

Por Fausto Macedo e Andreza Matais

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O ex-vice-presidente do Banco do Brasil Allan Simões Toledo foi preso temporariamente pela Polícia Federal nesta quinta-feira, 11, em São Paulo, por ordem da Justiça Federal. O executivo trabalha hoje no Banco Banif. Ele foi alvo da Operação Porto Victoria, deflagrada hoje, para desarticular uma organização criminosa transnacional especializada em evasão de divisas e lavagem de dinheiro em São Paulo, no Paraná e no Rio de Janeiro.

A prisão temporária de Allan Toledo tem validade por 5 dias. No BB, o executivo dirigiu até 2012 uma das áreas mais importantes da instituição, a vice-presidência de Atacado, Negócios Internacionais e Private Banking. Ele foi exonerado por ser identificado pelo governo como participante de um movimento cujo objetivo seria desestabilizar o então presidente do banco, Aldemir Bendine, e ficar com seu cargo.

Dinheiro apreendido pela PF Foto: Estadão

O BB também chegou a instaurar uma sindicância interna contra ele para investigar movimentação atípica identificada pelo Coaf, órgão de inteligência financeira do Ministério da Fazenda, de R$ 1 milhão. O dinheiro foi depositado numa conta corrente aberta por Toledo no BB apenas para a entrada do valor. Toledo sempre alegou que o dinheiro era fruto da venda de uma casa de uma aposentada que ele considera uma segunda mãe e da qual era representante.

Entre os presos da Porto Victoria está o ex-secretário municipal da Copa do Mundo em Curitiba (PR), Luiz de Carvalho, também sob suspeita de lavagem de dinheiro.

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Durante as investigações, foram detectadas transações por meio de um esquema conhecido como "dólar cabo", realizadas no Brasil e no exterior, à margem do sistema oficial de remessa de divisas. Segundo estimativas do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), há movimentações, como indicativo de lavagem de dinheiro, de cerca de R$ 3 bilhões em três anos de atuação das empresas envolvidas.

Agentes apreenderam dinheiro em espécie Foto: Estadão

A investigação teve início em 2014 após solicitação da Agência Norte Americana de Imigração e Alfândega - ICE, para apuração de fatos envolvendo um brasileiro que atuaria junto a uma organização criminosa especializada em evasão de divisas e lavagem de dinheiro no Reino Unido, na Venezuela, nos Estados Unidos, Brasil e Hong Kong. A PF identificou a atuação do grupo em diversas frentes.

Um dos esquemas baseou-se na especialização da retirada ilegal de de divisas da Venezuela por meio de importações fictícias promovidas por empresas brasileiras que tinham como fim somente a movimentação financeira. Os produtos brasileiros eram superfaturados em até 5.000% para justificar a remessa dos valores vindos da Venezuela. Em seguida, empréstimos e importações simuladas justificavam o envio dos recursos para Hong Kong, de onde então era encaminhados para outras contas ao redor do mundo.

Outro modo de ação - realizado no Brasil - era feito com importações fictícias por empresas brasileiras valendo-se da colaboração de operadores do sistema financeiro com bancos e corretoras de valores, que faziam vista grossa em relação à veracidade de transações comerciais que tinham como fim único o envio de dólares para o exterior, com aparências de legalidade.

A assessoria de imprensa do Banco Banif informou que a instituição não vai se pronunciar. O Banco Banif, alvo central da Operação Porto Victória, se apresenta no site da instituição como 'um banco comercial de longa tradição e expertise no mercado financeiro doméstico e internacional que serve a clientes institucionais, corporativos, governos e indivíduos de alto poder aquisitivo'.

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"A principal aposta do Banco Banif traduz-se na excelência dos serviços prestados e na personalização da relação com os clientes, orientando-se pelos princípios estratégicos da flexibilidade, profissionalismo e seletividade nas oportunidades de negócio", diz o texto.

"As atividades do banco são conduzidas por uma vasta equipe de profissionais, com significativa experiência financeira e capacidade de inovação, sempre pautando a sua atuação pela discrição, ética e isenção. As atividades se concentram nos produtos de comércio exterior, crédito estruturado e repasse de recursos em moeda nacional e estrangeira."

Segundo o Banif, "o acesso a mercados exclusivos e informação privilegiada, com base nos recursos, as sofisticadas plataformas tecnológicas, bem como a associação a parceiros internacionais dentro do Grupo Banif, potencializa a criação de sinergias e confere a esta equipe a capacidade de disponibilizar, rápida e eficazmente, as melhores soluções financeiras face às novas exigências do mercado".

O Banco Banif integra o Grupo Banif, "um conglomerado financeiro com sede em Portugal e ações negociadas na Euronext". "O Grupo possui 27 empresas atuando no setor financeiro e segurador, apoiado por uma vasta rede de distribuição e uma operação internacional em constante expansão".

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