Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Delator da Lava Jato revela nova operadora de contas na Suíça

Mário Góes contou que o ex-gerente da Petrobrás Pedro Barusco lhe apresentou Denise Kos, que administrava no país europeu a conta Maranelle, utilizada para recebimento de propinas no exterior

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Por Mateus Coutinho e Julia Affonso

O operador de propinas Mário Góes, delator que teria movimentado dinheiro da WTorre / Foto: Reprodução

PUBLICIDADE

Em seu depoimento à Polícia Federal nesta terça-feira, 28, o novo delator da Lava Jato e operador para a Diretoria de Serviços da Petrobrás Mário Góes revelou aos investigadores a atuação de uma nova operadora de contas para movimentar propinas na Suíça. Ela se chama Denise Kos, segundo o delator.

Até então, a Lava Jato e o Ministério Público Suíço já estavam investigando Bernard Freiburghaus, que, segundo a força-tarefa do Ministério Público Federal, cuidava das contas do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa - este recebia propinas da Odebrecht no esquema de desvios na estatal, diz a Lava Jato.

De acordo com Mário Góes, o ex-gerente de Serviços Pedro Barusco o apresentou a Denise Kos para a criação da empresa Maranelle e da conta de mesmo nome na Suíça "tendo o declarante apenas fornecido seus dados e a sua documentação, que a partir de então passou a manter contatos constantes com Denise, tanto por telefone como pessoalmente", relatou Góes, que atuava como procurador da conta na Suíça.

Publicidade

Ele disse ainda que Denise é brasileira e mora na Suíça. O próprio Barusco, em sua delação, entregou aos investigadores documentos da conta Maranello e admitiu que era uma das utilizadas para o recebimento de propinas no exterior.

+ Cunha e investigados agem com 'lógica de gangue', diz defesa de lobista

+ Empreiteiro-delator pediu 'doação' em nome de Lobão, diz alvo da Lava Jato 

Góes revelou ainda que "periodicamente" Barusco lhe perguntava se a conta havia recebido depósitos e que, nestes casos, o ex-gerente da Petrobrás "providenciava" para Góes um contato telefônico com Denise para que ele conferisse as informações sobre as transações. "Essas ligações eram feitas pelo sistema Voip não recordando o nome da empresa no momento", disse o delator.

Góes admitiu que mantinha extratos e outros registros da conta, mas que, no começo de 2014, Barusco pediu a ele que destruísse toda a documentação, pois estava preocupado com a investigação do caso SBM no exterior, e também pediu que Denise encerrasse a conta Maranello.

Publicidade

Além da investigação na Lava Jato, Pedro Barusco também está na mira das autoridades suíças pelas propinas que ele admitiu ter recebido da holandesa SBM Offshore desde a década de 1990. No ano passado, os suíços bloquearam US$ 67 milhões do executivo no exterior antes de ele ser enquadrado pelas autoridades brasileiras.

PUBLICIDADE

No depoimento nesta terça, 28, Mário Góes revelou ter ouvido de Barusco que Denise Kos foi apresentada a ele por Julio Faerman, representante da SBM que negociou propina com Barusco desde o primeiro contrato de navio-plataforma da Petrobrás na década de 1990, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Com o depoimento, a força-tarefa pode abrir mais uma frente para investigar o complexo esquema das empreiteiras para repassar propinas aos ex-executivos da Petrobrás no exterior que envolvia empresas de fachada, offshores e até subsidiárias de empreiteiras brasileiras no exterior. Desde o ano passado, as investigações da Lava Jato contam com a colaboração das autoridades suíças, que também investigam indícios de lavagem de dinheiro do esquema da Petrobrás nos bancos daquele país.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.