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Empreiteiro-delator pediu 'doação' em nome de Edison Lobão, diz alvo da Lava Jato

Flávio Barra, preso por propina em Angra3, afirmou à Polícia Federal que Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, solicitou dinheiro para campanha do PMDB e citou ex-ministro do governo Dilma Rousseff

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Atualização:

Lobão. Foto: Beto Barata/Estadão

Por Fausto Macedo e Julia Afonso

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O presidente Global da Andrade Gutierrez Energia Flávio David Barra disse à Polícia Federal nesta quinta-feira, 30, que durante uma reunião de empreiteiros sobre as obras da Usina Nuclear de Angra3, o presidente da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, pediu doação para campanhas eleitorais do PMDB. Pessoa teria dito que falava 'em nome' do senador Edison Lobão (PMDB/MA), ex-ministro do governo Dilma Rousseff (Minas e Energia).

A reunião ocorreu em agosto de 2014, na sede da UTC em São Paulo. Pessoa foi preso na Lava Jato em novembro de 2014. Fez delação premiada e agora cumpre prisão domiciliar.

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Barra foi preso na Operação Radioatividade, 16.º capítulo da Lava Jato, terça-feira, 28, sob suspeita de pagamento de propinas para o presidente licenciado da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, que também foi capturado pela PF, por ordem do juiz federal Sérgio Moro. Os dois investigados, Barra e Othon, estão presos em Curitiba, base da Lava Jato.

À PF, Flávio Barra declarou que a reunião ocorreu na sede da UTC Engenharia, apontada como o carro-chefe do cartel de empreiteiras que, entre 2004 e 2014, se apossaram de contratos bilionários na Petrobrás por meio de fraudes a licitações em diretorias estratégicas, Abastecimento, Serviços e Internacional - cujos ex-diretores estão presos, Paulo Roberto Costa (domiciliar), Renato Duque e Nestor Cerveró.

Segundo Barra, a reunião foi convocada, inicialmente, para os dirigentes das empreiteiras consorciadas de Angra3 discutirem detalhes relativos às obras. Ele disse que, ao final do encontro, o empreiteiro Ricardo Pessoa pediu a contribuição para o PMDB, 'em nome' do senador Lobão.

Barra afirmou que 'houve uma reação negativa', segundo ele, encabeçada pelo então presidente da Camargo Corrêa, Dalton dos Santos Avancini. "Ele (Avancini) foi o primeiro a dizer que não iria (fazer doação), os outros (empresários) seguiram o Dalton. ninguém deu (dinheiro)." Segundo o executivo, Pessoa não falou em valores.

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O próprio Avancini, em delação premiada perante a força-tarefa da Lava Jato, já havia mencionado essa reunião na sede da UTC na qual Ricardo Pessoa fez o pedido para o PMDB.

O presidente da Andrade Gutierrez Energia disse, ainda, que diante da 'reação negativa' dos empreiteiros, 'o assunto parou por aí'.

O depoimento do presidente da Andrade Gutierrez Energia foi acompanhado por seus advogados, os criminalistas Roberto Telhada e Edward Rocha. "O Ricardo Pessoa é que poderá explicar o que aconteceu depois da reunião", disse o advogado Roberto Telhada.

Pessoa está em prisão domiciliar. Ele também é delator da Lava Jato. Citou pelo menos dezoito políticos que teriam sido beneficiados com recursos ilícitos arrecadados por meio de fraudes na Petrobrás.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE LOBÃO:

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"O advogado do Senador Edison Lobão, Antonio Carlos de Almeida Castro, reafirma que não conhece o teor da delação do Sr. Ricardo pessoa e que, por isso, não irá se manifestar sobre ela. No entanto, esclarece novamente que o Senador Edison Lobão nunca pediu nada e nem autorizou ninguém a falar em seu nome. Inclusive, em seu depoimento, o Sr. Flávio Barra disse que nunca fez nenhuma doação ao Senador."

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