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Bendine ia para Lisboa nesta sexta, só com passagem de ida

Quebra do sigilo de emails revelou viagem do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobrás, que também tem cidadania italiana

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Por Julia Affonso e Fausto Macedo
Atualização:

Aldemir Bendine. Foto: Sergio Moraes/Reuters

A Polícia Federal descobriu que o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobrás Aldemir Bendine estava com viagem marcada para Lisboa. O embarque iria ocorrer nesta sexta-feira, 28. A PF diz ter informação de que Bendine, que também tem nacionalidade italiana, só havia comprado passagem de ida a Portugal.

Aldemir Bendine chegou por volta de 13h40 à carceragem da Polícia Federal em Curitiba, base da Operação Lava Jato.

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Bendine foi preso nesta quinta-feira, 27, em Sorocaba, interior de São Paulo, na Operação Cobra, fase 42 da Lava Jato, por suspeita de recebimento de propina de R$ 3 milhões da empreiteira Odebrecht. Inicialmente, ele havia solicitado R$ 17 milhões da companhia, quando ainda ocupava a presidência do Banco do Brasil.

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A força-tarefa do Ministério Público Federal havia requerido a prisão preventiva - sem prazo para terminar - de Bendine. Embora tenha reconhecido a existência de provas que justificassem a prisão preventiva, o juiz Sérgio Moro decidiu impor ao executivo regime temporário de custódia por cinco dias.

Para os investigadores, o fato de ter dupla cidadania poderia facilitar uma eventual fuga de Bendine para a Itália, destino de outros investigados em outros escândalos, como o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique PIzzolatto, condenado no Mensalão do PT.

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A ORDEM DE PRISÃO

Segundo o advogado Pierpaolo Bottini, que defende o executivo, Aldemir Bendine tem passagem para voltar de Portugal.

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 Foto: Estadão

Bendine vai para Curitiba

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A Lava Jato constatou, ainda, que o publicitário André Gustavo Vieira, apontado como 'operador financeiro' de Bendine, tinha 'negócios consolidados' em Portugal. Em 2011, segundo o procurador da República Athayde Ribeiro Costa, o aliado de Bendine trabalhou na campanha que elegeu o primeiro-ministro português.

"Importante pontuar que a quebra telemática encontrou apenas passagem de ida de Bendine", destacou o procurador. "Isso não significa que não exista passagem de retorno. Mas, ainda que houvesse passagem de retorno não alteraria o quadro de justificação para o pedido de prisão preventiva de Bendine."

Athayde informou que, a partir de documentos e outras provas colhidas nas buscas da fase Cobra da Lava Jato, o Ministério Público Federal deverá reiterar o pedido de prisão em regime preventivo do ex-presidente da Petrobrás.

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COM A PALAVRA, O ADVOGADO PIERPAOLO BOTTINI, QUE DEFENDE ALDEMIR BENDINE

"Desde o início das investigações Bendine se colocou à disposição para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários ao inquérito, demonstrando a licitude de suas atividades.A cautelar é desnecessária por se tratar de alguém que manifestou sua disposição de depor e colaborar com a Justiça."

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