Reeleito, Maia faz alerta ao governo sobre Previdência
Deputado do DEM vai cumprir o terceiro mandato consecutivo no comando da Câmara e diz que ‘no curto prazo’ não há 308 votos para aprovar reforma da Previdência
Por Redação
Atualização:
BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reeleito nesta sexta-feira, 1.º, com 334 votos, criticou a articulação política do governo Jair Bolsonaro logo após a votação. Disse que “no curto prazo” não há 308 votos necessários para a aprovação da reforma da Previdência, a principal aposta para colocar em equilíbrio as contas públicas. Visto pela equipe econômica como um aliado na votação de medidas importantes, Maia expôs divergências com o principal articulador político do Palácio do Planalto, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que também é do DEM.
“A nova forma de Bolsonaro trabalhar pode não gerar 308 votos no curto prazo”, afirmou Maia. Ele ainda acusou Onyx de ter trabalhado contra sua reeleição e ironizou: “Se ele tivesse interferido com sucesso aqui, o resultado seria outro. Não creio que tenha atuado, porque é muito competente”. Em seguida, elogiou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno: “Foi muito correto comigo”.
PUBLICIDADE
Reconduzido ao comando da Casa com o apoio do PSL, de Bolsonaro, e de mais 15 partidos, também fez questão de agradecer a dois governadores petistas, Wellington Dias (PI) e Camilo Santana (CE). “Me deram aulas de gestão”, afirmou.
O presidente da Câmara disse que a proposta que endurece as regras de aposentadoria deve levar, “no mínimo”, dois meses de debate na Casa e avaliou que apenas um “pacto” de governadores e prefeitos pode fazer avançar. O prazo frustra a expectativa do governo, que quer acelerar a aprovação. Segundo Maia, é preciso saber os detalhes da proposta e a data de envio do texto ao Congresso.
Por meio de rede social, Bolsonaro parabenizou a eleição de Maia. “Este cargo é de extrema responsabilidade para conduzir a votação dos projetos que o brasileiro tanto almeja”, declarou o presidente, que está internado em São Paulo, se recuperando da cirurgia para retirada de bolsa de colostomia.
Maia reassume terceiro mandato no comando da Casa
Maia assume seu terceiro mandato no comando da Casa, depois de ter obtido o maior número de votos das três eleições. Ontem, derrotou outros seis candidatos. Seu principal adversário, Fábio Ramalho (MDB-MG), que não teve o apoio do próprio partido, conseguiu apenas 66 votos. Ele derrotou ainda Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que conquistou 50 votos, JHC (PSB-AL), com 30, Marcel Van Hattem (NOVO-RS), com 23, Ricardo Barros (PP-PR), com quatro, e General Peternelli (PSL-SP), com dois.
Publicidade
Depois de costurar alianças desde o fim do ano passado, o demista renovou sua permanência na cadeira fechando acordos em troca de cargos e benefícios para os parlamentares.
Na construção da sua candidatura, Maia cedeu ao PSL a segunda-vice-presidência da Casa. O presidente nacional da sigla, Luciano Bivar (PE), ficou com a vaga no segundo turno de outra votação, ao derrotar Charlles Evangelista (MG). Entre as comissões, a de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa, também deve ficar com o PSL.
Veja imagens da eleição para presidente do Senado
1 / 31Veja imagens da eleição para presidente do Senado
Veja imagens da eleição para presidente do Senado
Em discurso enérgico, Renan Calheiros (MDB-AL) surpreende plenário e decide retirar sua candidatura à presidência do Senado Foto: Dida Sampaio/Estadão
Veja imagens da eleição para presidente do Senado
Após críticas por não ter aberto seu voto na primeira oportunidade, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) recua erevela voto para Davi Alcolumbre (DEM-AP) Foto: Dida Sampaio/Estadão
Veja imagens da eleição para presidente do Senado
Após a decisão de anular a votação pela contagem de um voto a mais, cédulas são trituradas Foto: Dida Sampaio/Estadão
Eleição para presidente do Senado
Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) realiza seu voto durante a sessão deste sábado no Senado Foto: Dida Sampaio/Estadão
Eleição para presidente do Senado
Principal concorrente de Alcolumbre, Renan Calheiros (MDB-AL) troca farpas com seu rival no discurso Foto: Dida Sampaio/Estadão
Eleição para presidente do Senado
Davi Alcolumbre (DEM-AP) defende sua candidatura em pronunciamento antes da votação Foto: Dida Sampaio/Estadão
Eleição para presidente do Senado
Fernando Collor (PROS-AL) foi o primeiro candidato a se pronunciar neste sábado, em que deve ser definido o presidente do Senado Foto: Dida Sampaio/Estadão
Eleição para presidente do Senado
Senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) fala sobre a questão do voto aberto ou fechado na eleição Foto: Dida Sampaio/Estadão
Eleição para presidente do Senado
Simone Tebet (MDB-MS) lê o documento que anulou a sessão desta sexta-feira (1), processado pelo ministro do STF, Dias Toffoli Foto: Dida Sampaio/Estadão
Eleição para presidente do Senado
Após a anulação da sessãodesta sexta-feira,senadores voltam a se reunir neste sábado para definir o presidente da Casa Foto: Dida Sampaio/Estadão
Posse no Senado
Senador Renan Calheiros (MDB-AL) tem embate com Tasso Jereissati (PSDB-CE) durante sessão para eleição do presidente da Casa. Os senador Cid Gomes (PD... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
Posse no Senado
Senador Renan Calheiros (MDB-AL) tem embate com Tasso Jereissati (PSDB-CE) durante sessão para eleição do presidente da Casa. Os senador Cid Gomes (PD... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
Posse no Senado
A senador Kátia Abreu (PDT-GO) subiu à mesa diretora e tomou do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) a pasta com o regimento da sessão para tentar impedi-... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
Posse no Senado
Kátia Abreu (PDT-GO) e Renan Calheiros (MDB-AL) sobem à mesa-diretora do Senado e afirmam que Davi Alcolumbre (DEM-AP) não pode presidir a sessão por ... Foto: Dida Sampaio/EstadãoMais
Posse no Senado
Renan Calheiros e Davi Alcolumbre, ambos pré-candidatos à Presidência do Senado, discutem durante a sessão. Foto: Dida Sampaio/Estadão
Posse no Senado
Do lado de fora do Congresso, manifestantes protestam contra o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
Posse no Senado
Protesto contra Renan Calheiros do lado de fora do Congresso. Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
Posse no Senado
O senador Romário (Podemos-RJ). Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
Posse no Senado
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) cumprimenta o senador Flavio Bolsonaro (PSL RJ). Foto: Dida Sampaio/Estadão
Posse no Senado
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) cumprimenta o senador Flavio Bolsonaro (PSL RJ). Foto: Dida Sampaio/Estadão
Posse no Senado
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) articula para voltar à presidência do Senado. Foto: Dida Sampaio/Estadão
Posse no Senado
Os senadoresPaulo Rocha (PT-PA) e José Reguffe (DF). Foto: Dida Sampaio/Estadão
Os senadores Simone Tebet (MDB-MS) e Davi Alcolumbre (DEM-AP). Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
Posse no Senado
Senadores Randolfe Rodrigues (REDE-AP) e Major Olimpio (PSL-SP) discutem durante a sessão. Foto: Dida Sampaio/Estadão
Posse no Senado
Cerimônia de posse dos 54 senadores eleitos para a nova legislatura. Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
Posse no Senado
Ciro Gomes (PDT) participa da posse no Senado junto ao irmão, senador Cid Gomes (PDT-CE). Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
Posse no Senado
O jornalista Jorge Kajuru (PSB-GO) assume vaga no Senado. Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
Posse no Senado
Major Olímpio (PSL-SP) e Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) conversam durante a sessão de abertura da legislatura. Foto: Dida Sampaio/Estadão
Posse no Senado
Os senadores Major Olimpio (PSL-SP) e Renan Calheiros (MDB-AL). Foto: Dida Sampaio/Estadão
Posse no Senado
O governador paulista, João Doria (PSDB), e Gilberto Kassab (PSD) participam da posse no Senado. À frente, a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP). Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão
A aliança quase levou Maia a perder apoios como o do PDT e do PCdoB, mas as duas siglas de oposição a Bolsonaro encontraram um jeito de apoiá-lo sem estar no mesmo bloco partidário. Mesmo entre seus adversários, Maia é visto como alguém que sabe negociar politicamente e dialogar com todos os partidos na Câmara. No cargo, terá de enfrentar a pressão das bancadas para colocar em votação projetos da agenda de costumes e de segurança, como Escola sem Partido e flexibilização que permite o porte de armas.
No dia da votação, Maia também contou com articuladores de peso ao seu lado: Gilberto Kassab (PSD), o governador João Doria (PSDB) e o presidente do DEM, ACM Neto, que circularam pelos corredores do Congresso. Na noite anterior, fez um périplo por alguns jantares em Brasília em busca de votos.
PUBLICIDADE
Ao ver o resultado no painel eletrônico do plenário, Maia se emocionou e chorou. Ele foi abraçado por seus colegas e, da cadeira do presidente, fez um breve discurso. “A Câmara precisa de modernização na nossa relação com sociedade, simplificar leis e comandar reformas de forma pactuada com prefeitos e governadores”, afirmou ele.
Ontem, Maia teve seu melhor desempenho, com os 334 votos. Ao assumir a Casa pela primeira vez, em julho de 2016, quando Eduardo Cunha (MDB-RJ) foi afastado por determinação do Supremo Tribunal Federal, ele obteve 285 votos. /MARIANA HAUBERT, CAMILA TURTELLI, ADRIANA FERNANDES e IDIANA TOMAZELLI