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Reação de deputados foi liderada por Maia

Presidente da Câmara pede para Toffoli receber grupo contra transferência de Lula

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Por Redação
Atualização:

Brasília - A movimentação de parlamentares, não só do PT mas de outros partidos de esquerda e do chamado Centrão, para pressionar o Supremo Tribunal Federal pela suspensão da transferência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a penitenciária de Tremembé, em São Paulo, teve a articulação direta do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

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A discussão sobre uma eventual transferência de Lula dominou parte do tempo de debate sobre os destaques apresentados à reforma da Previdência, na tarde desta quarta-feira, 7. Parlamentares alinhados ao presidente Jair Bolsonaro, como a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), comemoraram a decisão judicial, enquanto aliados de Lula e integrantes de partidos de centro a criticaram.

Ao tomar conhecimento da decisão da juíza Carolina Lebbos, da 12.ª Vara de Curitiba, o presidente da Câmara classificou a determinação como “extemporânea”. Maia, então, ligou para o ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal, e pediu para ele receber um grupo de deputados contrários à decisão. 

Líderes petistas ressaltaram a unidade de vários setores distintos da classe política em defesa do ex-presidente, explicitada pela ida de 70 parlamentares de 12 partidos diferentes ao gabinete de Toffoli. “Reuniram-se aqui (no STF) 12 partidos políticos com articulação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia”, disse o deputado federal Rui Falcão (SP), ex-presidente do PT. 

Após a decisão do Supremo de suspender a transferência de Lula, a atual presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), elogiou o papel de Maia. “Obrigado, presidente Rodrigo Maia”, disse Gleisi em plenário.

A reação do presidente da Câmara foi vista por integrantes do PT e de outros partidos de oposição como algo positivo. O deputado Joaquim Passarinho (PSD-PA) afirmou ser contrário à decisão sobre Lula, mesmo fazendo oposição ao PT. “Nunca votei no Lula e discordo de quase todos os argumentos do PT. Mas não concordo com a decisão que foi tomada fora de hora. Parece perseguição à toa”, disse. Ao fim de sua fala, Maia concordou com ele.

Já o deputado Fábio Trad (PSD-MS) afirmou que a transferência representa a “expressão de uma vingança privada que atenta contra a ordem jurídica”. “Não estamos aqui para defender este ou condenar aquele, mas o que essa juíza fez é um equívoco que afronta a ordem jurídica que hoje pode até sacrificar os direitos de um líder de esquerda, mas, se continuar a leniência, o silêncio e a covardia da direita que aplaude hoje, amanhã será um líder da direita que será sacrificado”, disse.

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Ao voltar para a Câmara, após ter acompanhado a comitiva de deputados ao gabinete de Toffoli, o vice-presidente da Casa, Marcos Pereira (PRB-SP), disse que há “exageros em algumas decisões judiciais de primeira instância” e que “não havia necessidade” de pedir a transferência.

Dirigentes e lideranças do PT no Congresso avaliaram que a decisão do STF derrubando a ordem de transferência de Lula foi uma derrota do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, o que desgasta e fragiliza ainda mais o ex-juiz da Lava Jato – alvo da divulgação de supostos diálogos que alimentam questionamentos sobre sua imparcialidade, quando juiz federal, no julgamento de ações em que Lula era alvo.

Discussão. Antes da decisão do Supremo, a possibilidade de transferência de Lula alimentou trocas de farpas entre adversários e aliados do petista. As hashtags #LulaNoPresídio e #LulaEmTremembé foram alavancadas pelos parlamentares da base do governo. 

O governador João Doria (PSDB), em mensagem aberta a Gleisi, afirmou que o ex-presidente seria tratado como todos os outros presidiários. “Inclusive, seu companheiro Lula, se desejar, terá a oportunidade de fazer algo que jamais fez na vida: trabalhar!”, provocou. O comentário, no Twitter, foi uma reação a um post em que Gleisi afirmava que “a segurança e a vida do presidente Lula estarão em risco sob a polícia de João Doria”. / MARIANA HAUBERT, AMANDA PUPO, RICARDO GALHARDO e GABRIEL WAINER

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