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Aos fatos, como eles são

Opinião|O Ministério do Índio de Lula

Marca registrada do PT é justamente essa: recomendar apenas soluções já comprovadamente fracassadas para qualquer questão que lhes passe pela frente

Foto do author J.R.  Guzzo
Atualização:

O ex-presidente Lula acaba de anunciar mais uma realização do seu futuro governo: o Ministério do Índio. É a última promessa, na escalada que vem fazendo há algumas semanas; segundo ele, o Brasil precisa com urgência de mais esse ministério, além de todos os que já tem e os que seu governo vai criar. Como é que ninguém havia pensado nisso antes, não é? Pois então: Lula esta aí, mais uma vez, para resolver o que ninguém resolve neste País. Foi muito aplaudido, é claro, quando apresentou seu novo projeto, numa reunião com lideranças indígenas profissionais – dessas que vivem viajando à Europa, com tudo pago, para falar mal do Brasil, que estão envolvidas com histórias de ONGs, e por aí afora. Basta olhar as fotos: são as mesmas caras de sempre.

Lula fez um discurso no Acampamento Terra Livre, organizado por grupos indígenas em Brasília, nesta terça-feira, 12. Foto: REUTERS/Adriano Machado

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Há hoje no Brasil 900.000 índios, ou algo assim, menos que a população de Guarulhos – sendo que a maioria deles vive fora das reservas indígenas oficiais. Será que precisa um ministério inteiro para cuidar de 0,4% da população brasileira? Também há no Brasil 1.200.000 advogados – mais que índio. Porque não criar, então, um Ministério dos Advogados? Ou um Ministério dos Dentistas? Só de motoboys, pelo Brasil afora, há uma população que chega a 1.400.000 trabalhadores. Fica aí a ideia para Lula: a criação do Ministério dos Motoboys. É demente. Mas esse tipo de coisa é puro Lula: há mais de 40 anos ele está convencido que todos os problemas do Brasil se resolvem com a criação de ministérios. Há fome? Cria-se o Ministério da Fome. Falta chuva? Cria-se o Ministério da Chuva. Chove demais? Cria-se o Ministério do Bom Tempo. Os governos Lula jamais resolveram um único problema agindo desse jeito. Mas a marca registrada de Lula e do PT é justamente essa: recomendar apenas soluções já comprovadamente fracassadas para qualquer questão que lhes passe pela frente.

Numa de suas declarações mais espetaculares, tempos atrás, Lula disse que a covid era uma coisa boa: “ainda bem” que a natureza trouxe essa desgraça, afirmou ele, porque assim o Brasil ia aprender de uma vez por todas como “o Estado” é importante – e como o cidadão depende da autoridade pública para tudo nesta vida. Lula admitiu, depois, que tinha sido uma declaração “infeliz”. Mas o que disse já estava dito, com toda a clareza do mundo, e mostra exatamente o que ele tem dentro da cabeça. Em nome do seu precioso “Estado” que tem de estar crescendo sempre – inclusive com o Ministério do Índio – ele achou que a covid foi uma grande sorte para o Brasil. Na verdade foi um horror que matou mais de 660.000 brasileiros até agora. Mas, segundo Lula, “ainda bem” que esse horror passou por aqui.

Opinião por J.R. Guzzo

Jornalista escreve semanalmente sobre o cenário político e econômico do País

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