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Lula promete ministério para indígenas e 'revogaço' de decretos de Bolsonaro

Petista disse que, se for eleito, poderá nomear um indígena para comandar a nova pasta

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Foto do author Daniel  Weterman
Por Daniel Weterman
Atualização:

BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeu, se for eleito, criar um ministério para tratar das políticas indígenas. Ele avisou ainda que pretende fazer um "revogaço" de decretos assinados pelo Jair Bolsonaro (PL) na área ambiental.

Lula fez um discurso no Acampamento Terra Livre, organizado por grupos indígenas em Brasília, nesta terça-feira, 12. O petista defendeu a demarcação de terras indígenas, se posicionou contra a proposta que permite mineração nesses territórios e contra a tese do marco temporal defendida por Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), ação que estabelece que só poderão solicitar demarcações os povos que comprovarem que habitavam a área requerida na data de promulgação da Constituição Federal, ou seja, em 5 de outubro de 1988.

Lula fez um discurso no Acampamento Terra Livre, organizado por grupos indígenas em Brasília, nesta terça-feira, 12. Foto: REUTERS/Adriano Machado

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"Se a gente criou o Ministério da Igualdade Racial, se a gente criou o dos Direitos Humanos, se a gente criou o Ministério da Pesca, por que é que a gente não pode pode criar o ministério para discutir as questões indígenas?", discursou o petista, ao lado de aliados em um palco montado no meio do acampamento.

O ex-presidente recebeu adornos e recebeu uma bênção indígena. "Não sei quem, mas se preparem, porque alguém vai ter que assumir o ministério e não será um branco como eu ou uma galega como a Gleisi, terá que ser um índio ou uma índia", afirmou o petista. "Eles vão dizer 'ah, mas gasta muito, é preciso diminuir o número de ministérios'. Na verdade, o que eles não querem é que a sociedade esteja participando ativamente."

No discurso, o ex-presidente não citou no nome de Jair Bolsonaro, mas afirmou que o presidente da República precisa estar disposto "a distribuir livro, a distribuir fraternidade e solidariedade e não a vender armas e balas para que fazendeiros possam atirar em índios e em trabalhadores rurais." Na esteira de críticas, o ex-presidente prometeu criar um "dia do revogaço" para anular todos os decretos de Bolsonaro que criaram, segundo ele, "empecilho" para os povos tradicionais.

"Mais calmo"

Cobrado pelo MDB na noite de segunda-feira, 11, para evitar discurso radical de esquerda, o ex-presidente avisou que, se eleito, voltará "mais calmo e com mais experiência" para o governo. "Eu vou voltar mais sabido, vou voltar mais calmo, com mais experiência. Eu quero que vocês saibam que só tem uma razão para eu voltar, é para fazer mais e melhor do que nós fizemos no nosso primeiro governo."

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Em 2002, quando disputou a primeira eleição presidencial em que saiu vencedor, o petista tinha adotado o discurso de "Lulinha paz e amor". Era uma maneira de mandar recado aos eleitores e também ao mercado de que o ex-sindicalista estava disposto a abrandar o discurso numa futura gestão de governo. Na versão 2022, Lula promete ser "mais calmo".

"Eles caçaram a Dilma com um impeachment mentiroso, eles inventaram uma história, me colocaram na cadeia e cá estamos nós de novo porque nós não somos seres humanos comuns, nós somos ideias, nós temos causas", disse Lula.

Apesar do otimismo do discurso, o avanço de Bolsonaro na campanha do PT. Integrantes da cúpula do partido veem uma reação de Bolsonaro com a distribuição de verbas a aliados e com o Auxílio Brasil de R$ 400, além de manutenção de um discurso conservador em parte do eleitorado.

"Quando um homem ou uma mulher tem uma causa e por essa causa ele briga, ele será invencível. E, por isso, nós venceremos outra vez e os povos indígenas vencerão e serão tratados com respeito e com a decência que vocês merecem", discursou.

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