Mourão diz que manifestação a favor do governo em 7 de setembro é ‘fogo de palha’

Ato tem convocação de PMs e vídeos que pedem invasão do STF e do Congresso; 'Zero preocupação', diz vice-presidente

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Por Gustavo Côrtes
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BRASÍLIA – O vice-presidente Hamilton Mourão chamou de "fogo de palha" a manifestação convocada em apoio ao governo para o dia 7 de setembro, data em que se celebra o Dia da Independência do Brasil. "Isso aí tudo é fogo de palha, zero preocupação", disse Mourão, depois de ser questionado sobre a possibilidade de haver investidas golpistas no dia. 

Há apreensão, no entanto, com diversas manifestações programadas para a data. Nesta segunda-feira, 23, o governo de São Paulo determinou o afastamento preliminar do chefe do Comando de Policiamento do Interior-7 da Polícia Militar de São Paulo, coronel Aleksander Lacerda, que vem convocando seus “amigos” para a manifestação, em Brasília. A decisão foi anunciada após o Estadão revelar as publicações do coronel, que até agora tinha sob suas ordens sete batalhões da PM paulista, cuja tropa de cerca de 5 mil homens é desdobrada em 78 municípios da região de Sorocaba, sede do CPI-7.  

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão. Foto: Adriano Machado/Reuters

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Neste domingo, 22, mais um PM reconhecido no segmento, o coronel da reserva da PM de São Paulo Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo convocou milhares de policiais para a mobilização bolsonarista. Atualmente, ele é diretor-presidente da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp).

Ao comentar o assunto, Hamilton Mourão disse que o regulamento disciplinar das Forças Armadas prevê punição para oficiais da ativa que se manifestem politicamente. "Todo pronunciamento de caráter político feito por um militar da ativa está sujeito ao regulamento disciplinar. O comando da Polícia Militar de São Paulo deve estar tomando providências a este respeito", disse.

Relação difícil

Mourão admitiu que não vive um bom momento de sua relação com o presidente Bolsonaro, a quem promete lealdade, apesar das desavenças. "Não é uma relação simples. Nunca foi entre presidente e vice, nós não somos os primeiros a viver esse tipo de problema. Mas o presidente sabe muito que ele conta com a minha lealdade acima de tudo. Ele pode ficar tranquilo sempre a meu respeito", disse o general, que negou ter cogitado renunciar ao cargo devido a desentendimentos com o chefe do Executivo.

Bolsonaro se irritou ao saber do comparecimento de Mourão a uma reunião às escondidas com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, inimigo número um da vez do presidente. O encontro foi revelado pelo Estadão. A atitude do vice seria um dos motivos pela falta de condições de permanecer no cargo.

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A reunião ocorreu no último dia 10, quando o presidente assistiu a blindados da Marinha passarem em frente ao Congresso na data para a qual estava prevista a votação da PEC do Voto Impresso, pauta prioritária do presidente, mas que acabou sendo arquivada pelo Parlamento. Naquele dia, Mourão assegurou a Barroso que as Forças Armadas não embarcariam em aventuras golpistas.

O presidente tem feito ataques sistemáticos ao magistrado e promete entregar ao Senado pedido de impeachment contra Barroso, assim como fez com o ministro Alexandre de Moraes na última sexta-feira, 20.