Após duas semanas de recesso, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid retorna presencialmente aos trabalhos na próxima terça-feira, 3. Na avaliação da colunista Eliane Cantanhêde, no novo episódio de Por Dentro da CPI, essa é uma má notícia para o presidente Jair Bolsonaro, que depois de “aproveitar muito bem” a pausa da comissão, volta a ser pressionado pelas investigações.
“A CPI volta a pleno vapor e os depoimentos vão recomeçar. Más notícias para o presidente Jair Bolsonaro”, avalia Eliane.
A CPI “vem quente, e muito em cima da Covaxin, que já foi suspensa, cancelada definitivamente pelo governo federal, pela Anvisa, por causa daquelas coisas que a gente viu: documentos fraudulentos, preços muito altos, empresas em paraísos fiscais, todo um pacote de coisas muito mal explicadas”, aponta a colunista do Estadão.
O cronograma para a volta do recesso foi definido pela cúpula da CPI e prevê a oitiva do reverendo Amilton Gomes de Paula, na terça-feira. Ele é apontado por representantes da Davati Medical Supply como um “intermediador” entre o governo federal e empresas que ofertavam vacinas. O religioso, que é presidente da ONG Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), recebeu em fevereiro autorização do Ministério da Saúde para negociar 400 milhões de doses de vacinas contra a covid-19.
Já na quarta-feira, 4, a expectativa é ouvir o sócio da Precisa Medicamentos, Francisco Maximiano, responsável por negociar a vacina Covaxin, produzida pelo laboratório indiano Bharat Biotech. A defesa de Maximiano acionou o Supremo Tribunal Federal para pedir que o empresário seja autorizado a faltar ao depoimento na CPI. Segundo os advogados, o empresário viajou para a Índia.
Segundo a colunista, Maximiano vem fugindo da CPI” como o diabo foge da cruz”. Apesar da incerteza sobre a presença do empresário, Eliane acredita “ele vai ter de voltar para depor, porque o Francisco Maximiano é um pivô dessa história toda, que não apenas deixa ele e a empresa dele numa situação difícil, mas que mexe muito com o Ministério da Saúde e até com o Palácio do Planalto”, avalia.