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Líder petista paga pesquisa em reduto eleitoral com verba da Câmara

O deputado Paulo Pimenta (RS) usou pelo menos R$ 23 mil de recursos da liderança do PT para pagar pesquisas sobre comportamento e impacto de mudanças climáticas em municípios gaúchos

Por Igor Gadelha
Atualização:

BRASÍLIA - Apesar de receber cota parlamentar individual, o líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (RS), usou pelo menos R$ 23 mil de recursos da liderança do partido para pagar pesquisas sobre comportamento e impacto de mudanças climáticas em seus redutos eleitorais no Rio Grande do Sul.

O líder do PT na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RS) Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Em abril, Pimenta utilizou a cota da liderança para contratar um levantamento sobre os “hábitos de informação” da população gaúcha, entre eles, a “frequência e padrões de recepção das mídias tradicionais e do acesso às mídias baseadas na internet, como redes sociais e aplicativos de mensagem instantâneas”. Segundo nota fiscal apresentada pelo petista, foram feitas 1.998 entrevistas nos municípios de Bagé, Caxias do Sul, Santa Maria e São Leopoldo. Em todas as cidades, ele teve votos nas eleições de 2014. Em Santa Maria, por exemplo, recebeu 32,4 mil votos – 23,04% do total que conquistou.

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No mesmo mês, o líder do PT usou outros R$ 3 mil da cota da liderança para bancar pesquisa sobre o “impacto da seca para agricultura familiar” em 39 municípios da metade sul, a maioria onde ele também foi votado. No recibo, a empresa diz que realizou o levantamento “para o mandato” de Pimenta.

De acordo com a Câmara, a cota da liderança é destinada para bancar gastos que atendam às “demandas e necessidades” da bancada como um todo – o PT tem 61 deputados, sendo 7 do Rio Grande do Sul. A cota, segundo a Casa, pode ser usada para pagar pesquisas, desde que não seja para fins eleitorais.

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No total, o líder e os 18 vice-líderes do partido têm R$ 25,7 mil mensais para bancar as despesas da liderança na Câmara. O valor se soma à cota que todo deputado recebe individualmente para arcar com gastos do mandato – varia entre R$ 39,5 mil e R$ 44,6 mil, dependendo do Estado. 

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Pimenta assumiu oficialmente a liderança do PT na Câmara em janeiro. Ele foi escolhido por unanimidade pelos demais colegas de sigla e anunciado em evento em dezembro.

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Desde que assumiu o cargo, Pimenta pauta a atuação na defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Defesa. Procurado, o líder do PT afirmou, via assessoria, que as pesquisas não são um projeto individual e servirão para “qualificação da atuação coletiva da bancada” do partido. Disse ainda que levantamentos semelhantes serão feitos em outras regiões do País. A assessoria do deputado, contudo, não informou quais serão as regiões e quando tais levantamentos serão feitos.

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