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Em São Paulo, Avenida Paulista é tomada por protestos

Ato foi contrário à concessão do habeas corpus para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que será julgado nesta quarta pelo STF

Foto do author Daniel  Weterman
Por Marianna Holanda e Daniel Weterman
Atualização:
Na Avenida Paulista, o Grupo Vem Pra Rua promoveu ato contra a corrupção e a favor da prisão de Lula em segunda instância, que será julgada na quarta-feira, 4. Foto: Nilton Fukuda / Estadão

SÃO PAULO - Pela primeira vez desde o impeachment, os movimentos que pediram a saída da presidente Dilma Rousseff se uniram em um ato para pedir que o Supremo Tribunal Federal (STF) não aceite o habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que será julgado nesta quarta-feira, 4, nem mude o entendimento sobre prisão após segunda instância.

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A Avenida Paulista ficou lotada nós dois sentidos, desde a Alameda Campinas até a Ministro Rocha Azevedo Alves. De verde e amarelo, “Armados” com pixulecos e enrolados na bandeira do Brasil, os manifestantes entoavam: “Lula na cadeia” e “Moro, Moro”.

A pressão que os onze ministros da Corte vem sofrendo nas últimas semanas repercutiu em gritos e faixas. Uma dizia: “Carmen Lúcia, o povo é tolerante sim, mas não é burro”, em referência ao pronunciamento da ministra presidente da Corte, pedindo serenidade e tolerância. 

Integrantes do MBL dizem que, "se tiver patifaria", vão pedir impeachment de ministros do STF. Em discurso no carro de som, a líder do Vem Pra Rua, Adelaide Oliveira, questionou: “Dona Rosa Weber julgou 57 habeas corpus e recusou todos. Será que ela vai ter a cara de pau de aceitar o do Lula?” O ministro Gilmar Mendes foi alvo de ataques, “ele já conhecemos”, disse Adelaide, “muda conforme o réu”. 

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O ato em São Paulo faz parte de manifestações convocadas em 14 Estados, pelo Vem Pra Rua, e 120 cidades, pelo MBL. Questionada o porquê os movimentos pro-impeachment não uniram em manifestações desde o impeachment, Adelaide diz que seu movimento convocou atos, mas que o apoio foi menor.

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“A questão do hc do Lula trouxe as pessoas para o perigo que estamos correndo. Acho que ele foi um símbolo de muita esperança pra muita gente e eu acho que as pessoas se sentem traídas”, afirmou. O líder do MBL, Kim Kataguiri, disse que o ato foi um “contraponto à pressão de parlamentares, advogados, que tem ido ao supremo, batido de porta em porta”.

Em São Paulo, protesto contra HC para Lula se concentrou na Avenida Paulista e durou cerca de duas horas Foto: Nilton Fukuda/Estadão

Diferentemente das manifestações de 2016, quando pediam a saída de Dilma e se diziam apartidários, neste ano líderes dos movimentos se apresentaram como candidatos. Os três movimentos organizadores, VPR, MBL e Endireita Brasil, tinham candidatos na avenida.

O MBL apresentou seu presidenciável, o dono da Riachuelo, Flávio Rocha (PRB), além dos candidatos a deputado Federal Arthur, do canal de Youtube Mamaefalei, e Kim Kataguiri. Este nega que o ato seja palanque para suas candidaturas.

“Quem está aqui, já conhece os rostos, as figuras, já votariam em algum desses. Acho que não agrega novos votos, não”, disse o pré-candidato a deputado federal pelo DEM. Durante seu discurso, Kim disse que o movimento se provou ser muito mais do que brasileiros indignados. “Nós nos representamos”. “A gente não pode esperar que um político em Brasília fale por nós”, concluiu o pré-candidato.

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No carro do Movimento Endireita Brasil, entre um pedalinho gigante é um boneco de Lula vestido de presidiário, discursou Ricardo Salles, ex-secretário do Meio Ambiente de Geraldo Alckmin, alvo de investigações do Ministério Público Federal. “Se o STF conceder o HC, acho que os movimentos vão se articular e voltar para as ruas, porque vai ser um tapa na cara da sociedade brasileira, depois de todos esses escândalos”. Salles é filiado ao partido Novo e quer se lançar deputado federal.

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O Novo, inclusive, foi o único partido presente no ato. Com bandeiras, camisetas e cartazes pedindo ao STF a prisão de Lula. Ex-líder do VPR e também filiado ao Novo, Rogério Chequer esteve no ato, mas não subiu no carro de som do movimento, por decisão interna. Segundo a atual líder do VPR, outros líderes podem fazer o ato de palanque para suas campanhas.”Se eu me envolvo com candidato como é que eu vou fiscalizar aquilo que eu faço parte?”.

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