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Distante de sessão sobre voto impresso, Eduardo Bolsonaro fala em fraude ao lado de Bannon nos EUA

Em evento na Dakota do Sul, deputado evitou comentar o caso de Trump dos EUA e se concentrou na situação do Brasil

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Por Beatriz Bulla
Atualização:

WASHINGTON – Distante de Brasília no dia em que a Câmara vota a PEC do voto impresso, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) participou nesta terça-feira, 10, de um evento nos Estados Unidos no qual repetiu informações falsas sobre fraude nas urnas eletrônicas no Brasil. Chamado a subir ao palco por Steve Bannon, ex-estrategista de Donald Trump e conselheiro informal de populistas de direita, Eduardo foi apresentado como "o terceiro filho do Trump dos trópicos".

O evento, em um reduto republicano do Estado de Dakota do Sul, foi organizado por Mike Lindell, empresário trumpista considerado um dos principais responsáveis pela divulgação de teorias conspiratórias sobre a disputa americana de 2020. Durante toda a terça-feira, Lindell e convidados divulgaram a uma pequena plateia as narrativas de que a disputa do ano passado nos EUA foi fraudada a favor do democrata Joe Biden

O deputado federalEduardo Bolsonaro (PSL-SP) Foto: Joshua Roberts/Reuters - 16/3/2019

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Eduardo Bolsonaro evitou comentar o caso dos EUA e se concentrou na situação do Brasil. A presença do deputado e filho de Bolsonaro em eventos que sustentam que Trump é o verdadeiro vencedor da disputa eleitoral cria um embaraço para a diplomacia brasileira, que trabalha para manter diálogo aberto com o governo Biden, a despeito da conhecida admiração da família Bolsonaro pelo ex-presidente americano.

O deputado brasileiro não falou sobre a questão americana abertamente. Em um momento, no entanto, fez uma provocação à plateia. "Vou contar uma história. Imaginem um país no qual, no dia da eleição, autoridades começam a contar os votos minuto a minuto e depois pausam por algumas horas. E quando eles retomam a contagem, adivinhem, o (candidato) número dois agora é o número um", disse Eduardo. A situação aconteceu nos EUA, onde a apuração dos votos costuma se estender pela madrugada. No ano passado, Trump apareceu com vantagem no início da apuração, mas ficou para trás quando cédulas enviadas pelo correio passaram a ser computadas. 

Eduardo, então, disse que não estava se referindo aos EUA, mas sim à Bolívia. "Se vocês pensaram em qualquer outro país, vocês devem saber que (esse país) está no mesmo nível da Bolívia quando falamos de eleições", afirmou.

Ele repetiu uma lista de argumentos falsos, enviesados ou descontextualizados já usados pelo pai, Jair Bolsonaro, para sugerir que há fraude no processo eleitoral do Brasil. O deputado também criticou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, e apresentou vídeos das motociatas de Bolsonaro, quando foi aplaudido por Bannon. 

Ao final, Bannon disse que Bolsonaro enfrentará o "esquerdista mais perigoso do mundo, Lula", no ano que vem e que a eleição brasileira de 2022 será a "mais importante da história da América do Sul". 

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Meses antes de Joe Biden ser eleito presidente dos EUA, Trump começou a propagar falsas alegações de fraude eleitoral. Extremistas apoiadores de Trump que atacaram o Capitólio em 6 de janeiro tentaram, com o ato, barrar a confirmação de Biden como presidente. Trump está fora da Casa Branca desde janeiro, mas um pequeno grupo de aliados como Lindell e Bannon continuam a propagar a tese de fraude eleitoral e culpam sistemas eletrônicos pelas supostas irregularidades nunca comprovadas.

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