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Conselheiro do Tribunal de Contas suspende licitação do Poupatempo

Para Dimas Ramalho, a paralisação do edital para gestão de 75 postos de atendimento pode evitar ‘possíveis impropriedades’

Por Bruno Ribeiro
Atualização:

O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo Dimas Ramalho determinou que o governo João Doria (PSDB) suspenda, por prazo indeterminado, a licitação para a escolha de novos gestores para os postos do Poupatempo, contratos estimados em R$ 960 milhões. Ele argumentou que a suspensão é necessária para evitar “possíveis impropriedades” no processo, que já vinha sofrendo questionamentos que apontavam para a possibilidade de ação de cartel.

Ramalho acolheu dois pedidos, que questionavam a forma como foram exigidos atestados às empresas interessadas em participar do processo, que provariam experiência no ramo. O processo está sendo tocado pela Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (Prodesp)

Unidade do Poupatempo da Sé, que agrega serviços de atendimento, como emissão de documentos Foto: Werther Santana/Estadão

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A Prodesp afirma que responderá os pontos levantados pelo TCE dentro do prazo determinado pelo órgão, cinco dias.

Com o adiamento imposto pelo TCE, há risco de algumas unidades ficarem agora sem contratos de gestão, o que vai obrigar o Estado a fazer contratos de emergência – sem licitação. Parte dos contratos atuais vencem ainda em janeiro. Todos vencem até março.

Licitação. O Estado dividiu a gestão de 75 unidades do Poupatempo em sete lotes, em um processo que deveria ter sido finalizado no dia 6 e que custava, originalmente, R$ 850 milhões. 

O primeiro adiamento foi decidido pelo próprio governo, após a Prodesp receber mais de 60 questionamentos sobre as regra da licitação. Uma impugnação afirmou que, da forma como foi montado, o edital dava espaço para a ação de um cartel, que poderia fraudar o processo, uma vez que havia poucos lotes e exigência de atestados de capacidade técnica que, segundo o documento, só poderiam ser obtidos por quem já prestava o serviço no Poupatempo. 

O documento também considerava que a licitação estava sendo lançada em um período que incluía os feriados de fim de ano (Natal e réveillon), o que atrapalharia a formulação das propostas. 

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No dia 3, mesma data em que o Estado pediu informações sobre o assunto à Prodesp, o governo remarcou a licitação para o dia 20. Entre as duas datas, a empresa publicou uma correção no edital, alterando o valor total de R$ 850 milhões para R$ 960 milhões, argumentando que havia “erro” na cálculo das horas de trabalho dos prestadores de serviço. 

A Prodesp diz, agora, que os atestados exigidos para esta licitação, que motivaram a suspensão, são idênticos aos de outras licitações do Poupatempo. “A Prodesp avalia o conteúdo do atestado e não o formato”, diz o texto, dizendo que nas outras licitações nenhuma empresa foi inabilitada por não aceitação desses atestados.

A empresa afasta a possibilidade de cartel, argumentando que há competição. “Até terça-feira, 21, foram entregues mais de 20 propostas para cada lote”, informa a companhia.

O Poupatempo é um programa que congrega serviços como a emissão de documentos, e é um dos mais bem avaliados pelo público. Doria tem promessa de campanha de entregar 30 unidades durante sua gestão. Também prometeu criar o primeiro Poupatempo Rural, ainda a ser detalhado. Dar “padrão Poupatempo” é uma expressão usada pelos gestores públicos quando prometem melhorar algum serviço. No caso de Doria, a promessa é fazer isso com as delegacias de polícia. 

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