Com apoio do Planalto, Lira oficializa candidatura e busca siglas da oposição

Deputado tentou imprimir perfil conciliador e prometeu ‘ouvir’ todos os parlamentares para ocupar a cadeira de Rodrigo Maia a partir de fevereiro

PUBLICIDADE

Por Camila Turtelli
Atualização:

BRASÍLIA – Com apoio do Palácio do Planalto, o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL) oficializou nesta quarta-feira, 9, sua candidatura à presidência da Câmara. Líder do Centrão, Lira estava acompanhado de representantes de oito partidos, que somam 160 deputados. O parlamentar é o principal rival do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que foi impedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de concorrer à reeleição, mas lançará nos próximos dias um nome para sua sucessão – Maia criticou ação do Planalto e disse que Bolsonaro ‘joga pesado’ para eleger Lira.

PUBLICIDADE

No primeiro discurso como candidato à cadeira de Maia, Lira tentou imprimir perfil conciliador e prometeu “ouvir” todos os deputados. “Vamos tocar os próximos dois anos de uma maneira diferente de como a Casa vem sendo administrada”, disse o líder do Progressistas. “Não que venha sendo mal administrada, mas cada presidente tem a sua marca”.

O deputado Marcelo Ramos (PL-AM) foi indicado como 1º vice-presidente da Câmara na chapa de Lira. Até o mês passado, Ramos era um dos possíveis pré-candidatos à sucessão de Maia, mas desistiu. “Entre manter uma candidatura à presidência da Câmara apenas para marcar posição e viabilizar, de fato, uma posição de destaque na Mesa Diretora, fico com a opção de seguir meu partido e entrar na disputa pela 1º vice-presidência, por entender que esta decisão fortalece a voz do Amazonas e o meu partido”, disse Ramos, em nota.

O deputadoArthur Lira(PP-AL) durante lançamento desua candidatura para apresidência da Câmara Foto: Dida Sampaio/Estadão

Lira é acusado de liderar um esquema de “rachadinha” de 2001 a 2007, quando era deputado estadual em Alagoas, como revelou o Estadão. A prática consiste no desvio de salários de funcionários do gabinete. O juiz Carlos Henrique Pita Duarte, da 3.ª Vara Criminal de Maceió, invalidou as provas e, na última quinta-feira, absolveu Lira sem analisar o mérito das acusações de peculato e lavagem de dinheiro. O Ministério Público vai recorrer da decisão. Lira também é réu, investigado por corrupção passiva, acusado de receber propina de R$ 106 mil.

Ao lançar a candidatura pelo Progressistas, o deputado anunciou o apoio do PL, PSD, Solidariedade, Avante, PSC, PTB, PROS e Patriota. A cúpula do PTB não estava presente ao lançamento, mas deve aderir ao grupo, segundo o presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira (PI). 

No bloco de Lira há ainda a perspectiva da adesão do Republicanos, partido presidido por Marcos Pereira. O deputado, que é atualmente vice-presidente da Câmara, está insatisfeito com a predileção de Maia por outros pré-candidatos, como os deputados Baleia Rossi (MDB-SP), Elmar Nascimento (DEM-BA) e Aguinaldo Ribeiro (Progressistas-PB).

Ribeiro é do mesmo partido de Lira, mas pode ser lançado como candidato avulso. Tanto Lira quanto Maia disputam, ainda, os votos dos partidos de oposição, que estão divididos.

Publicidade

Na tentativa de impulsionar a candidatura de Lira, o Planalto tem prometido cargos a partidos do Centrão e condicionado a liberação de emendas parlamentares ao apoio ao deputado.

Em reunião virtual nesta quarta-feira, integrantes da bancada do PSB defenderam a adesão à campanha de Lira. O PSB conta com 31 deputados e ainda não definiu uma posição oficial. Apesar das declarações de simpatia de nomes como João Campos, prefeito eleito do Recife, Lira não é consenso e enfrenta resistência, inclusive do líder do partido, Alessandro Molon (PSB-RJ).

“Ficou decidido (na reunião desta quarta-feira) que se prepararia um documento para ser apresentado aos candidatos à presidência e que os mesmos seriam ouvidos pela bancada. Por conseguinte, não houve qualquer deliberação sobre qual candidato será apoiado para presidir a Câmara dos Deputados no biênio 2021-2022”, disse Molon, em nota. O PSB deverá divulgar uma carta de compromissos, nos próximos dias, pedindo aos candidatos diálogo institucional e uma agenda de retomada da economia.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.