Bolsonaro lidera motociata em SP com cobrança de ingresso e 'área VIP'

Evento cobrou taxa de R$ 10 para os participantes que queriam viajar próximos do presidente; grupo segue até Americana, no interior paulista

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Por Luiz Vassallo
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Acompanhado de centenas de motoqueiros, o presidente Jair Bolsonaro participou, na manhã desta sexta-feira, 15, de uma motociata entre a Praça Campo de Bagatelle, próxima do Anhembi, na capital paulista, e a cidade de Americana, no interior do Estado. O evento provocou a interdição da Rodovia dos Bandeirantes, no sentido capital-interior, que começou a ser liberada no fim da manhã.

Parte do grupo de motoqueiros que seguiu o presidente pagou uma taxa de inscrição de R$ 10 para a organização do evento, coordenado pelo grupo “Acelera para Cristo”. O pagamento, opcional, dava direito a uma espécie de "área vip" da motociata, com presença na área fechada ao lado do Anhembi de onde o ato saiu, além da possibilidade de viajar mais próximo de Bolsonaro nos 120 quilômetros até Americana, onde discursou e criticou um acordo firmado entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o WhatsApp para adiar o lançamento de uma nova ferramenta do aplicativo no País que permite a criação de grupos com milhares de pessoas.

Rodovia dos Bandeirantes foi interditada para motociata com Bolsonaro nesta sexta-feira, 15. Foto: Werther Santana/Estadão

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Anteriormente, o destino seria Campinas, mas o local de chegada foi alterado. O chefe do Executivo participou da primeira edição do evento em junho do ano passado. É uma espécie de versão “cristã” de outras motociatas que já ocorreram em apoio ao presidente. O ato é organizado por apoiadores do presidente, como Jackson Villar, influenciador evangélico e bolsonarista.

Os R$ 10 da taxa são direcionados à conta da Associação Mensagem de Esperança, entidade localizada em Campinas. O endereço da entidade pertence à igreja Assembleia de Deus Bom Retiro. Após a inscrição, o participante recebe uma mensagem de confirmação acompanhada de uma foto do presidente Bolsonaro.

O organizador do ato, Jackson Vilar, dizia ser pastor desta igreja. O Estadão tentou contato com a Assembleia de Deus, mas não obteve resposta. 

Vilar tentou ser candidato a deputado federal pelo PROS em 2018, mas não foi eleito. Ele é alvo de uma ação do Ministério Público que cobra R$ 2,1 milhões de 13 acusados por descumprir e incentivar o descumprimento de medidas sanitárias, como o distanciamento e o uso de máscaras, na motociata de junho de 2021.

Entre os acusados, estão dois assessores de Bolsonaro, Max Guilherme e Mosart Aragão, que também vão tentar a Câmara em 2022. O caso saiu da competência da Justiça estadual recentemente e foi deslocado para a Justiça federal, em razão da participação de agentes públicos do governo, que são defendidos pela AGU. O ex-ministro Ricardo Salles está entre os acusados de quem o MP cobra a multa.

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A Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp), ligada ao governo estadual, informou que o tráfego na Rodovia dos Bandeirantes foi retomado em sistema de comboio desde às 11h no sentido capital-interior. Mais cedo, a rodovia estava totalmente interditada no sentido da capital para o interior para a realização de motociata.

Nesta quinta-feira, a Secretaria da Segurança Pública do Estado informou que um efetivo de mais 1.900 policiais militares era previsto para formar a equipe responsável pela operação. Esse reforço no policiamento gerará um gasto de cerca de R$ 1 milhão ao cofre público paulista.

Bolsonaro já acompanhou motociatas em Brasília, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Goiás, Santa Catarina, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. A primeira presença do presidente nesse tipo de evento ocorreu em maio de 2021, na capital federal. Depois, seguiram-se diversas ocasiões. Ele já aproveitou esses episódios para fazer ataques às urnas eletrônicas, às vacinas contra a covid e aos ministros do TSE e STF, além de já ter sido multado por não usar máscara e cometido infração por usar capacete irregular./Colaborou Davi Medeiros

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