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Bolsonaro critica acordo entre TSE e WhatsApp, ataca ministros e fala em censura nas eleições

Presidente participa de 'comício' em Americana, no interior de São Paulo, ao lado de seu pré-candidato ao governo, Tarcísio de Freitas

Foto do author Davi Medeiros
Por Davi Medeiros
Atualização:

O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta sexta-feira, 15, um acordo firmado entre o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o WhatsApp para adiar o lançamento de uma nova ferramenta do aplicativo no País que permite a criação de grupos com milhares de pessoas. Segundo o chefe do Executivo, o trato é “inaceitável”, “inadmissível” e não será cumprido. Ao se referir ao assunto, ele atacou ministros da Corte e falou em censura nas eleições. 

A plataforma de mensagens estuda implementar, nos próximos meses, um recurso chamado “comunidades”, a partir do qual será possível agregar grupos para interagir com milhares de pessoas. Atualmente, o número máximo de participantes de um grupo é 256 pessoas.  Devido ao acordo que firmou com a Corte eleitoral para as eleições deste ano, a empresa se comprometeu a aguardar o segundo turno para lançar essa e outras possíveis novidades no Brasil. O aplicativo foi considerado um dos principais vetores de desinformação no pleito de 2018 e vinha tomando medidas para tentar reduzir esse impacto.

Pela segunda vez na história da cidade, Americana recebeu um presidente em exercício. Jair Bolsonaro (PL) chegou ao recinto da Festa do Peão junto a apoiadores e ao ex-ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, pré-candidato ao governo paulista. Foto: Reprodução Facebook

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“Já adianto que isso que o WhatsApp está fazendo no mundo todo, não tem problema, agora, abrir uma excepcionalidade para o Brasil, isso é inadmissível, inaceitável e não vai ser cumprido esse acordo que porventura eles realmente tenham feito para o Brasil, com informações que eu tenho até o presente momento”, afirmou Bolsonaro, em vídeo transmitido pela Jovem Pan.

Procurados, o TSE e o WhatsApp não se manifestaram sobre as críticas do presidente. O Estadão apurou que o compromisso da empresa com o tribunal permanece o mesmo, e não haverá nenhuma mudança significativa no aplicativo no Brasil antes das eleições.

Como mostrou o Estadão, a Corte eleitoral decidiu ainda recorrer a observadores internacionais para aplacar ataques à lisura das eleições deste ano. Sob pressão de Bolsonaro, o TSE disparou diversos ofícios com convites para autoridades e organizações internacionais acompanharem a disputa pelo Palácio do Planalto.

Missão

O presidente disse ainda ocupar o cargo graças a uma "missão de Deus" e voltou a citar o argumento da "liberdade" para condenar ações do Judiciário. "Mais valioso do que a nossa própria vida é a nossa liberdade. Nossa democracia é açoitada diariamente. Nosso direito de ir e vir, a nossa liberdade de pensar e de expressar, a nossa liberdade de culto, isso não tem preço. O Brasil é um País livre e eu farei continuar livre custe o que custar", afirmou, acrescentando que daria "a vida". 

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Bolsonaro também reeditou críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal adversário no pleito presidencial de outubro. "Imaginem se no meu lugar estivesse o ladrão petista?", indagou. Em seguida, seus apoiadores começaram a gritar: "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão."

Motociata com o presidente Jair Bolsonaro saiu do Anhembi, na zona norte de São Paulo, e seguiu até a cidade de Americana, no interior do Estado. Foto: Werther Santana/Estadão

As declarações foram feitas durante a participação do presidente em motociata organizada pelo grupo “Acelera para Cristo”, nesta sexta-feira. Acompanhado de centenas de motoqueiros, o chefe do Executivo percorreu 120 quilômetros da Rodovia dos Bandeirantes, de São Paulo até a cidade de Americana, no interior do Estado.

O ex-ministro da Infraestrutura e pré-candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) também participou do evento. Na chegada a Americana, ambos participaram lado a lado de um "comício" com forte tom eleitoral. Estava presente, ainda, o ex-ministro do Meio Ambiente e pré-candidato a deputado federal Ricardo Salles, que também pretende disputar cargo por São Paulo. 

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