Bolsonaro atribui a seu discurso na ONU 'volta da confiança do mundo no Brasil'

Presidente diz que apresentou ao mundo um Brasil que 'ressurge' após governos socialistas; relembre desavenças internacionais do primeiro ano de mandato

Foto do author João Ker
Por Gabriel Caldeira e João Ker
Atualização:

O presidente Jair Bolsonaro classificou como um "marco" o seu discurso na Organização das Nações Unidas (ONU), que ocorreu em setembro do ano passado. Segundo o presidente, sua participação que abriu a Assembleia Geral das Nações Unidas foi responsável por recuperar a "confiança do mundo no Brasil."

Junto à mensagem, em postagem nesta sexta, 10, no Facebook, Bolsonaro publicou um trecho de cerca de cinco minutos de uma entrevista que deu ao canal de televisão aberta Rede Bandeirantes à época do discurso, em que afirma que seu governo tem boa relação com o setor do agronegócio. Segundo o presidente, entre as medidas responsáveis por isso, está o fim da política de demarcação de territórios indígenas, um dos assuntos tratados por Bolsonaro na ONU.

O presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto, nesta segunda, 25 Foto: . Foto: Marcos Corrêa/PR

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No trecho publicado, Bolsonaro ainda reforçou a ideia da frase que iniciou seu discurso na ONU, quando afirmou que apresentava ao mundo um Brasil que "ressurgia" após governos que classificou como socialistas. "Estivemos a um passo do socialismo, se uma Venezuela incomoda muita gente, imagina um país do tamanho do Brasil?", questionou o presidente.

Em sua estreia na Assembleia-Geral da ONU, o presidente fez um discurso no qual classificou como “falácia” a tese de que a Amazônia “é patrimônio da humanidade” e criticou o que chamou de “espírito colonialista” de países que recentemente questionaram o compromisso do País com a preservação ambiental. Durante sua fala de 32 minutos, recheada de referências religiosas, Bolsonaro surpreendeu ao não adotar uma retórica conciliatória. 

Primeiro ano de governo Bolsonaro tem sequência de desavenças internacionais

Em seu primeiro ano de mandato, o governo Bolsonaro colecionou uma série de desavenças internacionais. Depois de se desentender com Alemanha e Noruega pelos países terem congelado os repasses ao Fundo Amazônia,ele teve problemas com Emmanuel Macron, presidente da França, que chegou a convocar os outros integrantes do G7, que reúne as sete maiores economias do mundo, para discutir os incêndios na floresta amazônica.

Bolsonaro fez comentários sobre o processo eleitoral que fez o kirchnerismo voltar ao poder na Argentina. Antes de Cristina Kirchner anunciar sua recandidatura à presidência da Argentina, Bolsonaro já se demonstrava preocupado com a volta da esquerda ao poder do país vizinho. Com a confirmação da ex-presidente como vice de Alberto Fernández, ele engrossou o discurso sobre o “retorno da turma do foro de São Paulo na Argentina”, referindo-se à chapa como “bandidos de esquerda”.  Dentre os efeitos colaterais, Bolsonaro ameaçou retirar o Brasil do Mercosul. Como resposta, o então presidenciável argentino referiu-se ao brasileiro como “racista, misógino e violento”.

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Também houve desconforto com países árabes. Antes mesmo de tomar posse, Bolsonaro anunciou a transferência da embaixada do Brasil de Israel para Jerusalém. Mesmo não oficializada, a decisão causou desconforto nas relações com os países árabes, um dos nossos principais mercados para a exportação de carne. À época, a Liga Árabe ameaçou tomar “medidas políticas e econômicas” e, em janeiro, a Arábia Saudita decidiu vetar a entrada de cinco frigoríficos brasileiros em seu mercado, admitindo a retaliação contra o governo. 

Em agosto, o Estado listou as desavenças do governo brasileiro com 11 países. Relembre aqui.

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