Após chamar Maia de 'Nhonho', Salles diz que alguém usou seu Twitter indevidamente e exclui conta

Ofensa na conta de Salles foi postada na noite desta quarta-feira, 28, em resposta a Maia que, no último dia 24, teceu críticas à sua atuação; ministro acionou Abin para investigar suposta invasão

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Por Vera Rosa e Jussara Soares
Atualização:

BRASÍLIA - O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, excluiu sua conta no Twitter nesta quinta, 29, após alegar que seu perfil foi usado indevidamente por alguém para ofender o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Na noite de quarta, uma publicação do perfil de Salles em resposta a Maia chamava o deputado de “Nhonho”. No dia 24, Maia havia tecido críticas à sua atuação.

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Por volta das 6h30 desta quinta, 29, após repercussão no meio político, o ministro postou outro comentário na rede social: "Fui avisado há pouco que alguém se utilizou indevidamente da minha conta no Twitter para publicar comentário junto a conta do Pres. da Câmara dos Deputados, com quem, apesar de diferenças de opinião sempre mantive relação cordial". Pouco depois, a conta de Salles no Twitter desapareceu. 

Na manhã desta quinta-feira, Salles pediu que a Agência Brasileira de Investigação (ABIN) investigue a suposta invasão de sua conta no Twitter. O ministro foi orientado por interlocutores a bloquear sua conta na rede social por um "procedimento de segurança", segundo relatos à reportagem. 

Depois de falar que o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, é “Maria Fofoca”, Ricardo Salles chama Rodrigo Maia de "Nhônho" Foto: Adriano Machado/Reuters

Nhonho é um apelido utilizado de forma pejorativa pelos bolsonaristas contra o presidente da Câmara, em referência ao personagem da série mexicana "Chaves", interpretado pelo ator Édgar Vivar. A palavra “nhonho” é também popularmente usada para se referir a uma pessoa “tonta”, que só fala besteira.

No dia 24, Maia escreveu: "Ricardo Salles, não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo”. O titular do Meio Ambiente reagiu nesta quarta, um dia depois de o presidente Jair Bolsonaro pedir à equipe, em reunião ministerial,que não lavasse “roupa suja” em público.

Os atritos na Esplanada se tornaram públicos na quinta-feira, 22, após Salles chamar no Twitter o ministro da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, de “Maria Fofoca”. O ataque ocorreu na esteira de uma nota publicada pelo jornal O Globo, afirmando que Salles estava “esticando a corda” com militares do governo.O ministro do Meio Ambiente viu ali o dedo de Ramos e, além disso, atribuiu ao colega uma ação para desidratar sua pasta, convencendo a equipe econômica a retirar verbas que deveriam ser destinadas ao Meio Ambiente para o combate às queimadas.

No último domingo, 25, em mensagem também publicada nas redes sociais, Salles pediu “desculpas pelo excesso” ao chamar Ramos de “Maria Fofoca”. O ministro da Secretaria de Governo, por sua vez, disse que “uma boa conversa apazigua as diferenças”. 

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Apesar da trégua, o confronto continuou nos bastidores do governo, escancarando novamente as divergências entre a ala ideológica, que apoia Salles, e o núcleo militar, que ficou ao lado de Ramos. O general também ganhou o respaldo de Maia, do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR).

A maior crítica a Salles, porém, veio de Maia. A reação do ministro do Meio Ambiente demorou quatro dias, mas acabou sendo publicada na noite desta quarta-feira. Procurado, o presidente da Câmara não respondeu ao contato da reportagem.

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