PUBLICIDADE

Bolsonaro vai ao encontro de apoiadores após sobrevoar carreata pró-governo em Brasília

As imagens aéreas feitas e postadas pelo próprio presidente mostram que a manifestação estava esvaziada na Praça dos Três Poderes

Por Emilly Behnke e Jussara Soares
Atualização:

BRASÍLIA - Dois dias após a divulgação do vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, o presidente Jair Bolsonaro foi ao encontro de apoiadores neste domingo, 24, em um ato esvaziado em frente ao Palácio do Planalto. Com a direito a chegada de helicóptero e caminhada pela via em frente à Praça dos Três Poderes, Bolsonaro ficou meia hora no local e por seis vezes percorreu a grade de segurança para cumprimentar os manifestantes.

Sem máscara, opresidente da Republica, Jair Bolsonaro, cercado por um cordãode isolamento de seguranças, cumprimenta simpatizantes que participam da manifestacãode apoio ao ao governo nafrente doPaláciodo Planalto Foto: Dida Sampaio/Estadão

PUBLICIDADE

A participação do presidente nesses protestos de apoio ao seu governo tem sido frequente nos últimos finais de semana, contrariando as recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de Saúde (OMS) de se evitar aglomerações durante a pandemia do novo coronavírus. As medidas vêm sendo seguidas por autoridades em todo o mundo. Sem máscara, cumprimentou apoiadores e carregou uma criança.

O chefe do Executivo optou por ir voando da residência oficial até o Palácio do Planalto, um trajeto que de carro dura cerca de cinco minutos. Antes de pousar em uma aérea próxima a vice-presidência, o presidente sobrevoou três vezes a área onde os manifestantes estavam. Imagens aéreas publicadas nas redes sociais do próprio presidente mostram um público reduzido.

Acompanhado do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e o deputado Hélio Lopes (PSL-RJ), Bolsonaro foi andando até a grade que cercava os manifestantes. O ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, e os deputados Carlos Jordy (PSL-RJ), Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF) também acompanharam a aparição no ato.

Acenando e sem máscara de proteção, que agora é de uso obrigatório em Brasília, Bolsonaro deu seis voltas em frente a grade onde os apoiadores estavam. Cercado por seguranças, parou para cumprimentar as pessoas e tirar fotos. Chegou ainda a pegar uma criança no colo.

Os apoiadores seguravam cartazes com frases como "Supremo é o Povo" e "o Poder emana do povo" e "o povo é Bolsonaro". De forma isolada, alguns manifestantes exibiram cartazes contra o Supremo Tribunal Federal e a imprensa. "Abaixo a ditadura do STF", dizia um dos cartazes. Em outro, frase classificava a imprensa como "inimiga". A presença de frases de tom antidemocrático contraria orientação da semana passada, em que em outro ato, Bolsonaro fez chegar a lideranças do protesto pedido para não exibir faixas contra o STF e o Congresso.

Manifestantes puxaram coros de apoio e foram acompanhados por Bolsonaro quando cantaram "Eu sou brasileiro com muito orgulho". Uma caixa de som segurada por um apoiador reproduziu o hino nacional e também trechos da fala de Bolsonaro na reunião ministerial de 22 de abril.

Publicidade

Antes de participar da manifestação, o presidente divulgou em rede social um trecho da lei de abuso de autoridade a respeito de divulgação total ou parcial de gravações

A publicação do presidente ocorre dois dias depois de o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantar o sigilo do vídeo da reunião ministerial que o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro usa como prova de que o presidente teria tentado interferir na Polícia Federal. 

Nesse sábado, 23,  o Estadão mostrou ainda que as mensagens trocadas entre Bolsonaro e Moro evidenciam que o presidente falava da Polícia Federal, e não da sua segurança pessoal, como tem alegado. O presidente decidiu que o então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, seria demitido, sem dar ao ministro qualquer alternativa. “Moro, Valeixo sai esta semana”, escreveu o presidente. “Está decidido”, continuou ele, em outra mensagem enviada na sequência. “Você pode dizer apenas a forma. A pedido ou ex oficio” (sic). 

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.