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Ciro Gomes: 'sabia ser o cabra marcado para morrer', diz presidenciável sobre revés em aliança

Em entrevista à GloboNews, candidato do PDT fala sobre isolamento ao ver PSB fazer acordo com o PT nas eleições 2018

Foto do author Thaís Barcellos
Por Thaís Barcellos (Broadcast)
Atualização:

O candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, disse nesta quarta-feira, 1º, que não desistiu de receber o apoio do PSB, que fechou um acordo com o PT e se comprometeu a anunciar a neutralidade no primeiro turno das eleições 2018, e que ainda aguarda uma comunicação oficial da legenda sobre a decisão. 

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“A vida de candidato é dura no Brasil, não é moleza não. Evidentemente, eu não escondo as coisas que eu desejo, é o meu estilo. E eu desejo muito – eu não falei desejava, eu falei desejo muito – o apoio do PSB”, afirmou Ciro, em entrevista à GloboNews na noite desta quarta-feira. 

O candidato justificou o desejo de apoio citando afinidades históricas da sigla com o trabalhismo, relações fraternas com “a esmagadora maioria dos quadros” da legenda e a comum preocupação “com a degradação de uma certa esquerda mais tradicional no Brasil e a falta de perspectiva de futuro”. 

Candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes não fechou alianças na disputa ao Planalto Foto: Dida Sampaio/Estadão

“No momento em que eu lhes falo, eu não recebei nenhuma carta, nenhum sinal de fumaça, nenhuma mensagem. E eu me comporto mais ou menos assim: eu costumo ligar para as pessoas, dar satisfação das minhas coisas, então, estou aguardando que se confirme isso. E se isso se confirmar, é um revés, mas não me abate nem me surpreende. Quando entrei nessa luta, sabia bastante bem que eu era o cabra marcado para morrer”, afirmou.

Sobre a atitude particular do PT de se opor à sua candidatura nas eleições 2018, Ciro avaliou que é “hostil ao País”, porque coloca o Brasil “à beira do abismo”, uma vez que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deve conseguir ser candidato. Segundo Ciro, no quadro eleitoral o candidato Jair Bolsonaro (PSL) “sombreia” Geraldo Alckmin (PSDB) e Lula o “sombreia”. “O PT não quer que eu seja a renovação do pensamento progressista brasileiro.”

O candidato ainda destacou que MDB, PSDB e PT estão fazendo, segundo ele, um esforço para mantê-lo isolado. “Devo ter algo muito especial”, disse.

O pedetista também afirmou que sempre teve um “backup” para a vice-presidência, caso não fechasse alianças, mas disse que ainda é cedo para anunciar qual seria o nome.

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País vive estado de anarquia institucional, diz Ciro

Durante a entrevista ao canal da Globo, Ciro afirmou que o Brasil está em um estado de "anarquia institucional" ao justificar sua declaração polêmica à TV Difusora, do Maranhão, quando falou em pôr a Justiça "na caixinha".  Para exemplificar o que classificou como anarquia, Ciro citou o caso recente em que o desembargador plantonista do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) Rogério Favreto concedeu habeas corpus ao ex-presidente Lula, seguido, no mesmo dia, de despacho do juiz Sergio Moro sobre incompetência de Favreto sobre a questão, e depois da decisão do presidente do TRF-4, Thompson Flores, de manter Lula preso. "É um estado de baderna." Na entrevista à TV Difusora, Ciro disse que Lula só teria chance de sair da cadeia se "a gente assumir o poder e organizar a casa". "Botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político." Na entrevista desta quarta-feira, Ciro esclareceu que "organizar a casa" significa restaurar a funcionalidade dos poderes brasileiros e "voltar para caixinha" refere-se à necessidade dos órgãos respeitarem suas atribuições constitucionais. Ciro ainda afirmou que os procuradores estão cometendo abuso de poder.

Reforma trabalhista

O candidato também criticou a mudança na legislação trabalhista promovida pela administração de Michel Temer. "Essa chamada reforma trabalhista é só uma selvageria. Um patrão descuidado pode colocar uma grávida em um ambiente insalubre."

Ciro ainda contestou o fim do imposto sindical sem discussão de como as entidades irão se sustentar, a questão da prevalência do negociado sobre o legislado e o trabalho intermitente. "Não significa não modernizar, mas não se pode trocar por uma selvageria. Eu quero substituir essa reforma trabalhista por outra."

Quanto ao déficit fiscal, o pré-candidato do PDT reafirmou que, em um eventual governo, em dois anos vai pôr as contas no azul, se "me deixarem trabalhar". "Se não me deixarem, vou governar o País, não vou reformar."

Assista ao vídeo da oficialização do PDT à candidatura de Ciro Gomes

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