'Por exclusão, voto em Márcio França', diz Major Olímpio

Presidente do PSL-SP afirmou ainda que não subirá em palanque do PSDB para não 'alimentar seu carrasco'

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Foto do author Pedro  Venceslau
Foto do author Marcelo Godoy
Por Pedro Venceslau e Marcelo Godoy
Atualização:

Candidato à reeleição pelo PSB, o governador Márcio França recebeu nesta quarta-feira, 10, o apoio do deputado federal Major Olímpio (PSL-SP), senador eleito com mais de 9 milhões de votos no domingo, e consolidou a relação com as principais lideranças da Polícia Militar do Estado.

O apoio foi anunciado no mesmo dia que o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, candidato derrotado do MDB ao Palácio dos Bandeirantes, participou de um evento de campanha ao lado de França em uma unidade do Sesi em Suzano, na região metropolitana de São Paulo. 

Major Olímpio (PSL) foi eleito senador por São Paulo Foto: Newton Menezes/Futura Press

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As duas adesões ocorrem no momento que o ex-prefeito João Doria, candidato do PSDB, tenta se aproximar do eleitor do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) e colar no governador do PSB o selo de “esquerdista”.

Presidente do PSL paulista e um dos principais aliados de Bolsonaro em São Paulo, Olímpio disse ao Estado que seu apoio foi uma decisão pessoal e que os militantes do partido foram liberados.  “Eu não alimento meu carrasco. Não subo no palanque do PSDB. Por exclusão, vou votar em Márcio França”, afirmou o senador eleito. 

O apoio de Olímpio reflete um movimento que ocorre nos bastidores da Polícia Militar, que reúne cerca de 85 mil integrantes em São Paulo e foi usada como símbolo em uma eleição marcada pelo debate sobre a segurança pública. 

“Para o funcionalismo público, fica muito difícil apoiar o PSDB depois de 20 anos. Gosto do Doria, mas fazer campanha para ele é complicado. Fica difícil para mim”, disse o deputado estadual Coronel Telhada (PP). Ex-tucano, ele está no PP, partido que integra a coligação de Doria na disputa estadual. 

Maioria dos oficiais da PM tem forte resistência ao candidato do PSDB

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Estado apurou que a maioria dos oficiais da Polícia Militar tem uma forte resistência ao candidato do PSDB em razão de política salarial da categoria e o sucateamento apontado por entidades de classe das polícias civil e militar. 

Para reforçar o discurso da segurança pública e os laços com a PM, França escolheu como vice a Coronel Eliane Nikoluk (PR), que tem participado com ele de eventos de campanha. 

O governador do PSB também tem usado a presença da vice para rebater o discurso de Doria de que ele é aliado do PT em São Paulo. França voltou a dizer ontem que “prometeu” a Eliane Nikoluk que não iria com o PT no segundo turno. 

Em Suzano, o governador se irritou quando questionado em quem votaria no segundo turno. “Você insiste nisso. Não vou votar no PT.”

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Segundo Jonas Donizeti, prefeito de Campinas e presidente do PSB paulista, os militares encaram como uma “missão” eleger uma vice da corporação. “Ela vai nos ajudar muito com os eleitores do Bolsonaro”, afirmou o prefeito. 

A campanha de França reconhece que boa parte da onda que o levou para o segundo turno foi formada pele voto útil de eleitores de esquerda, mas avalia que a ligação com o PT prejudicaria o candidato.

Foi por esse motivo que aliados do governador tentaram impedir que o PSB declarasse apoio formal ao presidenciável Fernando Haddad (PT) na reunião da executiva em Brasília. O partido, porém, fechou com petista, mas liberou o diretório paulista. 

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No ato, Skaf faz críticas a Doria

Na agenda de em Suzano ao lado de França, Skaf fez duras críticas a Doria. “Se alguém tem dúvida em relação ao caráter do João Doria, é só perguntar ao Alckmin”, disse o presidente da Fiesp. O emedebista se referiu à reunião da executiva do PSDB realizada anteontem em Brasília na qual o ex-governador e candidato derrotado ao Planalto criticou Doria

Skaf também afirmou que o ex-prefeito “ganhou dinheiro com o PT” e disse que os prefeitos e deputados do MDB vão apoiar França. 

Já o pessebista declarou que a fala de Alckmin na reunião tucana, na qual ele insinuou que Doria é “traidor”, aconteceu porque o ex-governador, que é seu aliado, se sentiu “humilhado”. 

Durante agenda de campanha em um hospital em Vila Nova Cachoeirinha, Doria afirmou que Skaf “já vestiu a camisa vermelha do Márcio França”.

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