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Maior parte dos sites não recebe doação

Só 1/3 das plataformas de ‘vaquinhas online’ autorizadas pelo TSE recebem contribuição para as campanhas

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Por Geovanna Gravia e Isadora Duarte e  ESPECIAIS PARA O ESTADO
Atualização:

Duas semanas depois de iniciada a arrecadação virtual para as campanhas eleitorais, apenas parte do total de sites autorizados para as chamadas vaquinhas online (crowdfunding) já pode receber doações. A maioria das plataformas aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda está em fase de adaptação e desenvolvimento. O Estado verificou que não há regularidade na transparência das informações disponíveis sobre as doações. Ao menos 18 sites funcionam como venda deste serviço para potenciais candidatos.

Plataforma para arrecadar doações Capytar ainda usa pré-candidatos fictícios Foto: CAPYTAR

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Esta é a primeira vez que a modalidade de financiamento coletivo é utilizada oficialmente nas eleições. Pela nova legislação, pré-candidatos a qualquer um dos cargos em disputa poderão arrecadar, mas não gastar os recursos obtidos exclusivamente pela internet até o início da campanha, em 15 de agosto. Se a candidatura não for confirmada, o valor doado tem de ser devolvido ao doador.

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Em duas semanas, pelo menos 350 pré-candidatos no Brasil arrecadaram aproximadamente R$630 mil (valor contabilizado até o fim da tarde de ontem) por meio das vaquinhas online. O montante dobrou em relação à primeira semana. Dos potenciais candidatos, cerca de 840 já possuem campanhas de financiamento coletivo abertas nesses sites oficiais.

Responsável pela vaquinha online do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) nas eleições municipais de 2016, o consultor de crowdfunding Felipe Caruso avalia como positivo o desempenho das contribuições até o momento.

“O financiamento coletivo é um novo espaço de participação política. Estamos num processo de construção. Acreditamos que a maior parte da arrecadação virá no período eleitoral”, disse Caruso.

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A concentração de candidatos em poucas plataformas de financiamento é uma tendência observada pelos especialistas. Até esta sexta-feira, 1.º, o site Vakinha agregava 66% dos candidatos com campanha de arrecadação online aberta. 

‘Fictícios’. Na análise do total de 41 sites autorizados pela Justiça Eleitoral, sete são plataformas destinadas a outros serviços como ofertas de soluções contábeis e até escritórios de projetos. Um dos endereços aprovados ainda está em construção.

O capytar.br apresenta pré-candidatos não existentes e registrava nesta sexta-feira um valor arrecadado de R$ 1,4 milhão. O Estado efetivou uma doação, no valor de R$25, para teste da plataforma.

Em contato com a Maxximu Locação e Serviços Ltda., administradora da capytar.br, a empresa afirmou que a plataforma é ainda um demonstrativo para viabilizar a comercialização do serviço para futuros candidatos. “Ainda estamos em fase de negociação, apresentando a plataforma. Não iniciamos a captação efetivamente. São perfis de candidatos fictícios”, disse Rubens Santana, gestor da capytar.br. Segundo ele, os valores de contribuição divulgados no site são apenas índices para demonstrar o seu funcionamento.

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+++Siglas contrárias a sistema digital prestam contas na última hora

No dia seguinte, a capytar.br atualizou o site, informando aos usuários que tratam-se de candidatos fictícios e que não podem ser realizadas doações. O Estado recebeu um comunicado da empresa lamentando o “inconveniente” e informando que o valor da doação seria estornado. Em nota, o diretor financeiro da capytar.br, Roberto dos Santos, afirmou que seriam tomadas providências para que o “problema técnico não ocorra novamente”.

Procedimentos. Consultado sobre a situação do sistema de arrecadação online, o TSE informou que “a análise de autorização é realizada sobre as informações e documentos cadastrais apresentados pelas empresas”. 

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O Tribunal disse ainda que “a autorização para funcionamento não confere chancela quanto à idoneidade e adequação de procedimentos e sistemas utilizados pelas empresas na captação de doações para campanhas”. Ainda há 30 sites com os pedidos de autorização sob análise do TSE.

Liderança. O partido Novo lidera em número de arrecadação e de pré-candidatos com vaquinha online. Sozinho, até esta sexta-feira, concentrava pelo menos 150 pré-candidatos do total que tem campanha de financiamento aberta nos sites oficiais.

Entre os pré-candidatos à Presidência, o representante do Novo, João Amoêdo, já havia arrecadado R$ 205 mil até o início da noite de ontem. Em uma semana, o presidenciável dobrou o montante de doações.

Na disputa para cargos legislativos, Marcel van Hattem, pré-candidato a deputado federal pelo Novo, do Rio Grande do Sul (RS), figura no topo das vaquinhas. Até ontem, ele tinha arrecadado R$ 34 mil.

Ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL), Van Hattem atribui o desempenho à organização prévia da campanha de financiamento. O ex-deputado estadual tem alto engajamento e interações nas redes sociais. “Estabelecemos uma meta de R$200 mil porque representa 10% do que os deputados federais vão receber do fundo público para concorrer nessa eleição”, disse. 

O Novo decidiu não usar verba do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário nas disputas de 2018. A sigla é contra o uso de recursos públicos nas campanhas eleitorais. 

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