Exclusão de PSB e PCdoB de chapa petista na Bahia divide base do governo Rui Costa

Executiva Estadual pesebista afirma que a legenda 'não terá compromisso com este erro histórico'

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Por Yuri Silva
Atualização:

SALVADOR - O anúncio oficial da exclusão PCdoB e da senadora Lídice da Mata (PSB) da chapa majoritária que tentará reeleger o governador da Bahia Rui Costa (PT) nas eleições 2018 dividiu a base de sustentação do petista. A decisão, que provocou constrangimento após reclamação pública dos aliados do PCdoB, ainda rachou internamente a Executiva Estadual do PSB, que, sem chegar a consenso sobre os rumos da legenda e de Lídice, adiou para a próxima semana a resolução.

Rui Costa (PT) tenta a reeleição na Bahia Foto: Mateus Pereira/GOVBA

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Nos bastidores, aliados pressionam a senadora a lançar candidatura avulsa à reeleição no Senado, o que exigiu o adiamento para acalmar os ânimos no partido. A adesão a essa proposta, explicam interlocutores do PSB, prejudicaria a eleição de deputados estaduais e federais da legenda, que teriam que disputar a eleição sem coligação – o que dificultaria alcançar o quociente eleitoral.

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Em nota emitida após encontro na sede da sigla, no entanto, a Executiva Estadual do PSB afirmou que apoiará apenas a reeleição de Rui na corrida pelo Palácio de Ondina e a candidatura do ex-governador Jaques Wagner para o Senado – deixando de fora o outro postulante a senador da aliança, o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Ângelo Coronel (PSD).

Na nota, a Executiva Estadual do PSB afirma que a legenda "não terá compromisso com este erro histórico", mas mantém o apoio à reeleição de Rui Costa e à pré-candidatura do ex-governador Jaques Wagner ao Senado Federal. "Esta exclusão revela um profundo equívoco na condução do processo político", diz ainda o texto.

O PSB também agradeceu os convites de integrantes de PSDB, MDB e PRTB para integrar as outras composições na disputa pelo governo da Bahia, mas disse ter declinado das propostas “por um dever de coerência política e ideológica”. Ao Estado, logo após o encontro, Lídice afirmou que “não pode decidir algo que vá de encontro ao sentimento do partido”.

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Irritada com o governador Rui Costa, que a confirmou no sábado a decisão de excluir o PSB da chapa, Lídice não compareceu à reunião do Conselho Político do governo, composto por presidentes partidários. Pressionado, o governador alterou para o Palácio de Ondina o local de realização do encontro, antes marcado para ocorrer em um hotel de Salvador, e reduziu o tamanho da reunião.

Na ocasião, ele revelou a composição da chapa, que, além dele Wagner e Coronel ao Senado, tem o vice-governador João Leão (PP), que concorrerá ao mesmo cargo.

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O anúncio oficial à imprensa aconteceu no rodapé de um comunicado emitido pela Secretaria de Comunicação. No texto, o órgão afirma que “Rui apresentou a proposta de um programa de governo participativo”, com o objetivo de rodar o interior do estado. No último parágrafo, discretamente, o nome de Coronel foi confirmado na aliança.

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Guinada. O anúncio oficial, que já havia sido antecipado pelo Estado, consolida um processo de aproximação do governador petista com legendas de centro-direita que lhe dão sustentação, principalmente PSD e PP, e o afastamento de aliados históricos do campo esquerdista - como PSB e PC do B. Além disso, desobedece a resolução nacional do PT que orientou os diretórios estaduais a priorizar alianças com os dois partidos de esquerda, com vistas a uma aliança nacional para a disputa pela Presidência da República.

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Nem mesmo as vagas de suplente de senador foram citadas no comunicado do governo baiano. Cobiçadas por legendas médias e pequenas que apoiam o governador, como o PCdoB, elas também provocaram ruído interno e seguem sem definição. O presidente estadual da sigla, o deputado federal Davidson Magalhães (PCdoB), disse em público que “o partido não pode servir apenas na crise”. Na sequência, foi chamado para uma conversa com o governador, mas o encontro, ocorrido na manhã desta segunda-feira, 25, não chegou a consenso.

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O PCdoB reivindica a suplência do ex-governador Jaques Wagner, que foi oferecida por Rui Costa ao PSB como forma de acalmar os ânimos do partido. A vaga é disputada diante da possibilidade de Wagner ser candidato ao Palácio do Planalto caso o ex-presidente Luisz Inácio Lula da Silva, condenado em segunda instância e preso pela Lava Jato, tenha a candidatura impugnada.

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