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Ato contra Bolsonaro une adversários em São Paulo

Na capital paulista, manifestantes se reuniram no Largo da Batata; interior do Estado também se mobiliza contra o capitão reformado

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Foto do author Pedro  Venceslau
Foto do author José Maria Tomazela
Por Pedro Venceslau , Marianna Holanda e José Maria Tomazela
Atualização:

O ato contra a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) realizado neste sábado, 29, no Largo da Batata, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, reuniu uma multidão e colocou lado a lado eleitores e militantes do PSOL ao PSDB, passando por Rede, PDT, PCdoB e PSTU. Ao redor do Brasil, dezenas de cidades receberam protestos contra o candidato

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Todas as candidatas que estão na disputa presidencial, exceto a senadora Ana Amélia (PP-RS), vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), passaram pelo ato, que reuniu 150 mil pessoas, segundo os organizadores. A Polícia Militar não fez estimativas. 

Estavam presentes a ex-ministra Marina Silva, candidata da Rede, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO), vice de Ciro Gomes (PDT), a deputada estadual Manuela d'Avila (PcdoB-RS), vice de Haddad, a líder indígena Sonia Guajajara (PSOL), vice de Guilherme Boulos (PSOL). 

Para evitar críticas sobre o uso político do evento, elas optaram por não subir no carro de som, que estava aberto apenas para mulheres. Ao chegar ao Largo da Batata, Marina Silva comentou a declaração de Bolsonaro de que ele não aceitará o resultado da disputa caso não seja eleito e disse que o deputado do PSL “amarelou”. 

“Parece um discurso de quem está amarelando diante da crítica da opinião pública. No Norte, quando alguém se porta desse jeito, quando pega a bola e tenta encerrar o jogo com a bola na mão, como se fosse o dono da bola e do jogo, a gente chama isso de amarelar”, disse Marina, que foi acompanhada de seu vice, Eduardo Jorge. 

Ato contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL) em São Paulo Foto: Gabriela Biló/Estadão

A senadora Kátia Abreu, por sua vez, disse que, apesar da ausência de Ana Amélia, não acredita que a senadora gaúcha apoiaria Bolsonaro no 2° turno. "Conversei com Ana Amélia e ela não me disse isso. Somos amigas. Não creio que uma mulher lúcida como Ana Amélia possa votar no Bolsonaro”. 

A senadora também aproveitou para criticar a fala do adversário do PSL de que não reconheceria o resultado das eleições 2018. “Ele só demonstra com isso a sua insanidade. Ele não está no seu juízo perfeito. O atentado também afetou de certa forma seu lado emocional”, afirmou. 

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A deputada Manuela d'Ávila exaltou o caráter pluripartidário do ato. "Aqui existem pessoas que defendem diversas candidaturas e que se unem justamente na denúncia daqueles que não aceitam a democracia e os direitos da maior parte do povo do brasil. O povo brasileiro fará nas ruas com a bossa vitória”, afirmou a vice de Haddad.

“Tem o PT, tem a rede, o pessoal do Ciro, do Boulos, é importante que estejam todos aqui. O cara nos uniu. Obrigada, Bolsonaro!”, brincou Angela Martins, professora universitária de 65 anos que estava no local. 

Interior de São Paulo se mobiliza

Em várias cidades do interior de São Paulo, manifestantes se mobilizaram contra o candidato, enquanto outras seis tiveram atos favoráveis ao candidato do PSL. Em Ourinhos, uma faixa dizia “PT+Centrão=#Elenão”. Não foram registrados incidentes.

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Campinas reuniu o maior número de manifestantes contra Bolsonaro – de 10 mil a 12 mil pessoas, segundo os organizadores. A Polícia Militar não estimou o público, mas a empresa municipal de trânsito calculou cerca de 2 mil pessoas no local. Em São José dos Campos, a manifestação contra o candidato do PSL reuniu, além de mulheres, muitos homens. Os manifestantes saíram em passeata – 2 mil pessoas segundo os organizadores, sem estimativa de público pela PM. 

Em Piracicaba, mulheres e homens fizeram uma caminhada até a região central. A organização falou em duas mil pessoas, mas a PM não confirmou. Manifestações com centenas de pessoas aconteceram também em Bauru, Taubaté, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto, Marília, Pindamonhangaba, Limeira e Rio Claro, mas não houve estimativa oficial de participantes. Atos contra Bolsonaro aconteceram também em Araras, São Roque, São Carlos e, o menor deles, em Apiaí, com 18 mulheres. 

Além de Ourinhos, houve manifestações a favor de Bolsonaro em Presidente Prudente, Santa Bárbara e Amparo. Em São José do Rio Preto, uma carreata com 800 veículos, segundo os organizadores, percorreu as ruas da cidade. O órgão de trânsito não contabilizou o número. Em Boituva, cerca de 1,5 mil pessoas, segundo os organizadores, se reuniram na praça central, depois de uma carreata pelas ruas. A PM e a Guarda Municipal não estimaram o público. 

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Em Ribeirão Preto, as mais de dez denúncias de ameaças contra o evento recebidas na Delegacia de Defesa da Mulher fizeram com que a segurança fosse reforçada, com o uso até de um helicóptero. Não houve conflitos, mas um pequeno grupo de seguidores de Bolsonaro foi impedido de se aproximar do ato. 

Os presentes portavam cartazes, faixas e até fantasias. No fim da tarde, apresentações musicais deram outro tom ao protesto que, segundo os organizadores, teria reunido mais de 2 mil pessoas. A Polícia Militar não fez estimativa oficial de público.

Em Taubaté, o ato reproduzia as falas polêmicas do candidato que tem liderado as pesquisas na corrida à Presidência. Na abertura do protesto, os organizadores pediram no carro de som para que nenhum candidato fizesse qualquer tipo de discurso ou divulgação de campanha, pois se tratava de um movimento contra Bolsonaro e reunia ativistas de todos os partidos. 

Entre o público, além de cartazes e faixas, havia muitos adesivos de candidatos e camisetas alusivas à resistência contra Bolsonaro. De acordo com a Guarda Municipal, 400 pessoas participaram do ato em Taubaté. A Polícia Militar e a organização não souberam estimar o público da manifestação. Todo o trajeto foi acompanhado de perto pela PM e Guarda Municipal. 

Exterior

Ao redor do mundo, protestos ocorreram em cidades dos Estados Unidos, Canadá, Argentina, Chile, Espanha, França, Portugal, Alemanha, Itália, França e Suíça. As lideranças do movimento afirmam que a campanha é para alertar a população sobre as ideias de Bolsonaro, consideradas pelos participantes como "fascistas e machistas". / Colaboraram Gerson Monteiro e Rene Moreira, especiais para O Estado

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