Após ataque hacker ao STJ, TSE reforça segurança de sistemas usados nas eleições

Corte eleitoral teve reunião de emergência nesta sexta-feira, 6, para discutir a invasão bloqueou o acessos a dados do Superior Tribunal de Justiça

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Por Patrik Camporez
Atualização:

BRASÍLIA - A invasão virtual que paralisou as atividades e bloqueou o acessos a dados do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ligou o alerta em técnicos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A nove dias das eleições municipais, a Corte decidiu reforçar a segurança dos seus sistemas internos para se precaver caso também seja alvo de hackers. Até o momento, nenhum ataque foi registrado. "Nós temos uma proteção bastante robusta. As medidas que adotamos são eficientes", afirmou ao Estadão Giuseppe Dutra Janino, Secretário de Tecnologia da Informação do tribunal eleitoral.

Janino descartou qualquer risco para o processo eleitoral. Um dos motivos é que as urnas eletrônicas funcionam "offline", ou seja, desconectadas da internet, inviabilizando que um eventual ataque virtual aos sistemas do tribunal chegue nos equipamentos usados nas votações. 

Prédio sede do Tribunal Superior Eleitoral. Foto: Dida Sampaio / Estadão

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"Nós já temos todo um procedimento nosso, por causa das eleições. É uma série de cuidados e preparações intensas no sentido de garantir a integridade da rede da Justiça Eleitoral. Estamos intensificando esse trabalho", disse Janino.

O secretário de TI afirmou ter convocado uma reunião com sua equipe na tarde desta sexta-feira, 6, para discutir os ataques no STJ e disse que os técnicos do tribunal estão "trabalhando no fortalecimento das ações preventivas de segurança". Isso envolve a troca sistemática das senhas dos usuários, realização de backups de arquivos e uma verificação minuciosa de todos os sistemas operacionais. 

Os procedimentos de segurança incluem ainda a buscas por "incorreções nos sistemas", atualização de arquivos, dos antivírus e de todos os softwares. Os técnicos do TSE também estão checando as credenciais de todos os funcionários do órgão para saber quem está autorizado a acessar os sistemas internos, além de desativar permissões para acessos remotos.

"Uma série de procedimentos estão sendo intensificados para diminuir os riscos de ataques. Estamos alinhando os procedimentos de segurança", afirmou o secretário, que atendeu a reportagem enquanto a reunião ainda acontecia.  Segundo ele, a invasão virtual aos sistemas de uma série de órgãos públicos nesta semana ligou o alerta pela proximidade com as eleições.

Além do STJ, o Governo do Distrito Federal, o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Justiça identificaram que seus sistemas foram alvos de hackers. Nos ataques, os invasores pedem um resgate para poder desbloquear os sistemas informatizados - nenhum valor foi revelado até o momento.

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Ataque coordenado

Autoridades que investigam a invasão virtual no STJ consideram que os ataques foram feitos pelo mesmo grupo, de forma coordenada. Segundo os investigadores, todos os acessos criminosos envolveram técnicas parecidas, um mesmo tipo de vírus e pedido de resgate por meio de e-mail. Por esse motivo, a Polícia Civil do Distrito Federal e a Polícia Federal passaram a atuar em conjunto para identificar os autores. Também participam da força-tarefa peritos da área de Defesa Cibernética do Exército.

Em transmissão ao vivo nas redes sociais nesta quinta-feira, 5, o presidente Jair Bolsonaro declarou que "alguém entrou no acervo do STJ, pegou tudo e pediu resgate". Disse ainda que, em menos de duas horas, a Polícia Federal havia identificado os invasores.

A PF e o STJ, no entanto, não confirmam a informação de que os invasores foram identificados. Questionado pela reportagem sobre como Bolsonaro havia obtido uma informação, uma vez que a investigação é sigilosa, o Palácio do Planalto não respondeu.

Reservadamente, peritos da PF classificaram como "preocupante" a declaração de Bolsonaro, já que nenhuma "pista concreta" dos suspeitos foi identificada até agora.

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