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A disputa eleitoral nas redes sociais

Bolsonaristas sobem hashtag #MulheresComBolsonaro e minimizam ataque a jornalista em debate da Band

Versões conflitantes sobre quem ‘venceu’ o debate também circulam nas redes entre apoiadores dos presidenciáveis

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Por Redação
Atualização:

Por Samuel Lima e Gustavo Queiroz

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Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) usaram as redes sociais para rebater as críticas que o chefe do Executivo recebeu após ter atacado a jornalista Vera Magalhães, da TV Cultura, no debate da Band realizado na noite de domingo. Como mostrou o Timeline, a defesa das mulheres se tornou o principal assunto durante o programa.

O movimento apareceu nos trending topics do Twitter a partir das 6h, com a hashtag #MulheresComBolsonaro, com mais de 29 mil posts. O mesmo termo já havia sido uma estratégia da campanha do atual presidente, em 2018. A hashtag #SouMulherEVotoEmBolsonaro, com 27 mil tuítes, também apareceu na lista de assuntos mais comentados em tempo real da plataforma.

O presidente Jair Bolsonaro (PL), instantes depois de dizer que a jornalista Vera Magalhães "dorme pensando nele" em debate na Band. Foto: Reprodução / Band

Diversas mulheres apoiadoras do presidente replicaram mensagem contendo uma imagem do presidente colorida em rosa. Parte dessas publicações também ataca a senadora Simone Tebet (MDB), que agiu como antagonista de Bolsonaro no tema ao longo do debate.

Outros apoiadores preferiram reverberar os ataques do presidente contra a jornalista Vera Magalhães. O pastor Silas Malafaia disse que Bolsonaro foi correto: "A jornalista Vera Magalhães o tempo todo ataca o presidente. Debochou corretamente."

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A reação dos perfis bolsonaristas tentou desestabilizar uma ofensiva de aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deram eco ao posicionamento de que o presidente é agressivo contra o público feminino. No Twitter, a tag "Bolsonaro odeia mulheres" também disputou a primeira posição nos assuntos mais comentados ao longo da manhã, alcançando 41 mil tuítes.

Do lado lulista, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) destacou que as mulheres são maioria do eleitorado e defendeu um "recado" nas urnas contra Bolsonaro. O candidato ao governo do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo (PSB), declarou que o presidente "fala fino com eles, mas ataca, desrespeita e engrossa com elas".

Outros correligionários de Lula apoiaram o petista nas redes, mas poucos subiram a ideia de que ele teria vencido o debate. Como mostrou o Estadão, o PT se frustrou com estratégia do ex-presidente no debate e queriam tom mais enfático contra o Bolsonaro.

O trecho mais explorado por seus aliados é uma resposta de Lula a Soraya Thronicke (União Brasil). Ao ouvir que a senadora não viu melhora durante o seu governo, o petista disse que "seu motorista, seu jardineiro e sua empregada doméstica viram". O candidato a deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) foi um dos que reproduziram a fala em suas páginas.

Além da pauta das mulheres, bolsonaristas espalham a versão nas redes de que Bolsonaro teria saído vitorioso contra um Lula "atordoado". "Quem deu a dica pro Lula ir pro debate deve está levando muito esporro", escreveu o ministro das Comunicações, Fábio Faria (Progressistas-RN). No Facebook, páginas de apoio postaram vídeos com termos como Bolsonaro "detona o cachaceiro" e "deixa Lula sem palavras".

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Repercussão

Outros candidatos também usaram o Twitter para recortar partes do debate que seriam favoráveis a sua campanha. Ciro Gomes (PDT) reproduziu trechos em que enfrenta Bolsonaro e Lula e se coloca como uma alternativa para a polarização no Brasil. Virou meme ao retrucar que Lula não foi a Paris durante a campanha eleitoral de 2018 porque "estava preso", trecho compartilhado até por bolsonaristas, e prestou solidariedade a Vera Magalhães. A campanha diz que ele está "há uma semana morando nos trending topics" e cabos eleitorais pedem Ciro contra Lula no segundo turno.

Simone Tebet gerou engajamento nas redes sociais ao demonstrar apoio à jornalista e ao reproduzir críticas ao presidente Jair Bolsonaro sobre a condução da pandemia. Apesar de uma pesquisa do Datafolha ter apontado que ela foi a candidata que melhor se saiu no debate entre indecisos, o dado teve pouca repercussão.

Soraya Thronicke conseguiu emplacar a frase mais relevante sobre o episódio nas redes, ao mencionar indiretamente uma confusão de Bolsonaro com o youtuber Wilker Leão, que o chamou de "tchutchuca do Centrão".

"Quando homens são tchutchuca com outros homens, mas vem para cima da gente como tigrão, eu fico extremamente incomodada", tuitou a candidata, reverberando afirmação que fez ao longo do debate. Ela também questionou o fato de que Bolsonaro escolheu questionar Ciro Gomes sobre uma pergunta referente às políticas para mulheres, quando poderia ter escolhido Soraya. "Faltou coragem para me perguntar", escreveu.

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O candidato do Novo, Luiz Felipe d'Avila, usou as redes para reforçar um dos motes de sua campanha - o não uso do fundo partidário durante o período eleitoral. Ele também pediu desculpas por, em uma de suas falas, ter chamado a Lei Maria da Penha de "Lei Maria da Paz". A lei é um instrumento de combate à violência doméstica criada em homenagem à farmacêutica Maria da Penha, vítima de dupla tentativa de feminicídio em 1983.

"Pessoal, Lei Maria da Penha! Ato falho. Me desculpem. Assim que terminei a resposta, percebi. Corrijo por aqui. Precisamos fazer valer a Lei Maria da Penha e punir com rigor os agressores de mulheres", publicou o candidato.

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