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Transparência alerta para 'instabilidade' no Coaf, agora UIF

Entidade divulga nota pública e diz ver com 'preocupação' MP 893/2019, que muda nome do Conselho de Controle de Atividades Financeiras para Unidade de Inteligência Financeira e põe colegiado sob o guarda-chuva do Banco Central

Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Luiz Vassallo
Por Fausto Macedo e Luiz Vassallo
Atualização:

A Transparência Internacional Brasil declarou nesta terça, 20, que vê 'com preocupação a instabilidade à qual está sujeito, desde o início de 2019, o Conselho de Controle de Atividade Financeiras (Coaf)'. A entidade avalia o colegiado 'órgão fundamental para o combate à lavagem de dinheiro e à corrupção no Brasil e no exterior'.

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Nesta terça, 20, foi editada a Medida Provisória n.º 893 de 2019, a qual transferiu o Coaf para a estrutura do Banco Central do Brasil, além de alterar o seu nome para Unidade de Inteligência Financeira (UIF) e promover modificações em sua organização.

Transparência Internacional destaca que esta modificação representa a terceira alteração consecutiva no Coaf em menos de nove meses.

Previamente, também por medida provisória, o Coaf foi transferido do Ministério da Fazenda - onde estava estabelecido desde sua criação, em 1998 - para o Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Alteração promovida pelo Congresso o devolveu para o Ministério da Economia. "Sua transferência para o Banco Central não elimina, entretanto, preocupações com relação a interferências políticas na condução de suas atividades", sustenta a Transparência.

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"Afinal, o Bacen, até o momento, não detém autonomia formal", diz a nota da entidade. "O seu presidente, responsável, de acordo com a MP n.º 893, pela nomeação dos conselheiros e do presidente da UIF, é nomeado (e demissível) diretamente pelo Presidente da República."

Segundo Transparência Internacional, contribui para estas preocupações a já anunciada exoneração do atual presidente do Coaf, auditor da Receita Roberto Leonel de Oliveira Lima, 'sem qualquer justificativa'.

"Para além das alterações realizadas pelo Poder Executivo e pelo Congresso, o Supremo Tribunal Federal também interferiu nas atividades do Coaf", segue a nota da Transparência, em alusão à ordem do ministro Dias Toffoli, presidente da Corte, que determinou a suspensão de todas as investigações e processos que contenham dados compartilhados do Coaf sem autorização judicial.

"Seu presidente, o ministro Dias Toffoli, determinou, há pouco mais de um mês, a suspensão das investigações criminais que incluem dados obtidos pelo Coaf e gravemente limitou sua capacidade de compartilhar informações sobre operações financeiras suspeitas com órgãos de investigação", afirma Transparência.

Para a entidade, 'a incerteza jurídica e política a que vem sendo submetido o Coaf prejudica investigações, fragiliza os mecanismos de prevenção à lavagem de dinheiro e compromete a credibilidade do Brasil junto a organismos internacionais de combate ao financiamento da criminalidade transnacional e o terrorismo'.

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"Para continuar desempenhando seu papel adequadamente, a Unidade de Inteligência Financeira deverá contar com um quadro técnico e multidisciplinar especializado e livre de influências políticas e econômicas", sugere Transparência.

Além disso, segue a entidade, 'deverá ter garantida a sua competência para requisitar e compartilhar informações sobre operações financeiras suspeitas com autoridades em todo o país'.

Para a Transparência Internacional Brasil, no Congresso, as discussões sobre a MP n.º 893 'representam uma oportunidade para que a sociedade brasileira conheça e discuta o papel do Coaf, buscando soluções que garantam a continuidade de suas contribuições ao enfrentamento da corrupção e do crime organizado'.

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