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'Sempre pela garagem, viu?', recomendou Temer a Joesley

Em conversa gravada pelo empresário, presidente ainda ressaltou aspecto da visita noturna do dono da JBS ao Jaburu: ‘não tem imprensa’

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Foto do author Luiz Vassallo
Por Julia Affonso , Luiz Vassallo e Fabio Serapião
Atualização:

Michel Temer. Foto: WILTON JUNIOR / ESTADAO

Um dos trechos da conversa entre o presidente Michel Temer (PMDB) e o empresário Joesley Batista, da JBS, na noite de 7 de março, no Palácio do Jaburu, recuperados pela Polícia Federal, revelou uma recomendação do peemedebista ao executivo: "Sempre pela garagem, viu?". A frase consta da perícia da PF, após o pente-fino sobre o arquivo em pen drive entregue como parte da delação de Joesley.

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Naquela noite, Joesley e Temer se reuniram por cerca de 40 minutos. Na metade do encontro, o executivo diz ao presidente. "Eu, eu, prefiro combinar assim, ó: se for alguma coisa que eu precisar, tal, então eu falo com Rodrigo, se for algum assunto desse tipo aí..."

O 'Rodrigo' a quem Joesley se referia era o ex-assessor especial do presidente e ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMRB-PR). Temer e seu aliado foram denunciados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva.

Líderes da base veem risco de derrota para Temer sobre denúncia

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+ Leia a acusação de Janot contra Temer

OUÇA TEMER E JOESLEY

A conversa segue.

Temer responde. "Ai voce (ininteligivel)."

"É...", diz Joesley.

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Temer: "Pela garagem."

Joesley: "{Pela} garagem."

Temer: "(lninteligivel) sempre pela garagem, viu?"

Joesley: "Funcionou super bem, à noite ..."

Temer: "É."

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Joesley: "... onze hora da noite, meia-noite, dé ... dez e meia, vem aqui."

Temer: "(Ininteligível). Não tem imprensa."

Joesley: "A gente conversa uns dez minutinho, uma meia horinha, vou embora."

PF conclui que Temer cometeu crime de obstrução de Justiça

'Nada nos destruirá', diz Temer ao afirmar que Brasil está na rota de superação Michel Temer é o primeiro presidente da história da República brasileira a ser acusado formalmente de crime durante o exercício do mandato. Em 1992, Fernando Collor de Mello foi denunciado quando já estava afastado do cargo. O peemedebista também poderá ser acusado pelo crime de obstrução à investigação de organização criminosa. O relatório da Polícia Federal foi encaminhado nesta segunda-feira, 26, ao Supremo, no qual também vê a mesma conduta criminosa do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) e do empresário e delator Joesley Batista. O ministro Edson Fachin concedeu mais cinco dias de prazo, contanto a partir desta terça-feira, 27, para a denúncia ser apresentada. A expectativa é que Janot apresente uma nova acusação formal, fatiando a medida.

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