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PGR alega que é contra prisão de Jefferson por 'censura prévia à liberdade de expressão'; Alexandre disse que prazo para manifestação passou 'em branco'

Foto do author Pepita Ortega
Foto do author Fausto Macedo
Por Pepita Ortega e Fausto Macedo
Atualização:
Procuradoria-Geral da República. FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO  

Após a Polícia Federal prender o ex-deputado Roberto Jefferson, investigado por integrar suposta organização criminosa 'de forte atuação digital com a nítida finalidade de atentar contra a Democracia e o Estado de Direito', a Procuradoria-Geral da República divulgou nota afirmando que enviou ao Supremo Tribunal Federal manifestação contra a medida cautelar. A Procuradoria indicou que a decisão 'atinge pessoa sem prerrogativa de foro junto aos tribunais superiores' e apontou que seu entendimento é o de que a 'prisão representaria uma censura prévia à liberdade de expressão'.

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A nota do órgão chefiado por Aras, criticado e pressionado por seus pares em razão do alinhamento com o Palácio do Planalto, registra ainda: "A PGR não contribuirá para ampliar o clima de polarização que, atualmente, atinge o país, independentemente, de onde partam e de quem gere os fatos ou narrativas que alimentam os conflitos".

A prisão de Roberto Jefferson foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, no âmbito do inquérito das milícias digitais, aberto em julho em um desdobramento da investigação sobre os atos antidemocráticos. O magistrado atendeu um pedido da Polícia Federal que alegou 'um agravamento da atuação incisiva' do presidente do PTB, 'que passou a reiterar divulgações de ofensas de variadas formas mesmo tempo em que incita pretensos seguidores a agirem ilicitamente, em violação às regras do Estado Democrático de Direito'.

Na decisão de 38 páginas em que decretou a prisão preventiva de Roberto Jefferson, ordenou buscas na casa do político e ainda bloqueou uma conta do Twitter atribuída ao aliado do presidente Jair Bolsonaro, Alexandre de Moraes registrou que a Procuradoria-Geral da República foi intimada a se manifestar sobre o caso, em 24 horas, mas deixou o prazo transcorrer 'em branco'.

Em um primeiro momento, a PGR afirmou que não divulgaria nota sobre o caso, dizendo que 'houve manifestação no tempo devido'. No entanto, o gabinete de Alexandre reforçou que 'não havia qualquer manifestação' do órgão chefiado por Augusto Aras até esta quinta-feira, 12, quando Alexandre deferiu as medidas cautelares. A nota divulgada pelo STF registra que a representação da PF contra Jefferson chegou à corte no dia 5 de agosto e que, no mesmo dia, ela foi entregue à PGR com prazo de 24 horas para manifestação.

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Agora, em nota, a Procuradoria afirma que houve 'manifestação da PGR, no tempo oportuno, como ocorre em todos os procedimentos submetidos à unidade'. O documento foi assinado pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo nesta quinta-feira, seis dias após se esgotar o prazo para a manifestação. Segundo apurou o Estadão, até a manhã desta sexta, 13, quando foi cumprida a ordem de prisão de Jefferson o documento não havia sido juntado aos autos da investigação.

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