O procurador de Justiça Leonir Batisti, coordenador estadual do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná, afirmou nesta terça-feira, 19, que sumiram os R$ 22 milhões que teriam sido desviados de construção e reformas de escolas estaduais do Paraná. A fraude é alvo da Operação Quadro Negro, que nesta terça prendeu o ex-governador Beto Richa (PSDB), seu ex-secretário de Cerimonial e Relações Internacionais Ezequias Moreira (2013-2018) e o empresário Jorge Atherino.
"Este dinheiro sumiu. São R$ 22 milhões a valores de então, fixos, não atualizados. Inclusive, foram levantados até pelo Tribunal de Contas", afirmou Batisti.
"Até o momento, os R$ 22 milhões que foram desviados não foram recuperados pelo Estado. O Ministério Público está promovendo ações no Cível e também buscando no aspecto criminal."
Richa governou o Paraná entre 2011 e 2018. A investigação da Quadro Negro começou em 2015.
De acordo com o Ministério Público, o dinheiro 'passava por uma série de pessoas que iam busca-lo'.
Cabia, aponta o inquérito, ao ex-assessor do Governo Mauricio Fanini - delator da Quadro Negro - arrecadar 'junto aos empresários'.
Os valores seriam 'repassados para outras pessoas, chegando, segundo estas confirmações ou declarações, ao governador'.
"Quando as irregularidades nas obras das escolas públicas estaduais começaram a se tornar públicas, o investigado Carlos Alberto Richa determinou a Mauricio Jandoi Fanini Antonio, também integrante do Governo e da organização criminosa que lá se formou, que excluísse de todo e qualquer dispositivo eletrônico que possuísse os registros de fotos, vídeos e comunicações entre ambos", destaca o Gaeco.
Segundo Leonir Batisti, o esquema de corrupção desamparou mais de 20 mil alunos. Os estudantes, ele afirma, 'tiveram prejuízos de se deslocar quilômetros por causa daquele fato primário que é a não execução dos serviços de reforma e construção'.
Além das prisões, a Quadro Negro cumpriu cinco mandados de buscas - três nas casas dos alvos de mandados de prisão preventiva, um em Caiobá e outro em Porto Belo (SC).
"Foram apreendidos objetos teoricamente de luxo que poderiam ser obtidos a partir também da parte desse dinheiro desviados. Relógios, canetas, coisas desta espécie", relatou o procurador de Justiça.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO GUILHERME BRENNER LUCCHESI, QUE DEFENDE BETO RICHA
"A defesa de Carlos Alberto Richa esclarece que a determinação de prisão exarada hoje não traz qualquer fundamento. Tratam-se de fatos antigos sobre os quais todos os esclarecimentos necessários já foram feitos. Cumpre lembrar que as fraudes e desvios cometidos em obras de construção e reforma de colégios da rede pública de ensino foram descobertos e denunciados pela própria gestão do ex-governador Beto Richa. Por orientação do ex-governador, no âmbito administrativo, todas as medidas cabíveis contra os autores dos crimes foram tomadas. A defesa repudia o processo de perseguição ao ex-governador e a seus familiares; todavia, segue confiando nas instituições do Poder Judiciário."
COM A PALAVRA, O ADVOGADO MARLUS ARNS DE OLIVEIRA, QUE DEFENDE EZEQUIAS MOREIRA
O advogado Marlus Arns de Oliveira, que atua na defesa de Ezequias Moreira, informou que se manifestará nos autos.
COM A PALAVRA, O ADVOGADO LUIZ CARLOS SOARES DA SILVA JÚNIOR, QUE DEFENDE JORGE ATHERINO
O advogado Luiz Carlos Soares da Silva Júnior afirmou que Jorge Atherino 'está à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos'.