A defesa de Sergio Mizrahy afirmou ao Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2) que o alvo da Operação 'Câmbio, desligo' não é doleiro e sim um agiota. Mizrahy foi preso em 3 de maio sob suspeita de gerar reais em espécie para abastecer o mercado interno de doleiros.
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AGIOTAEm delação premiada, os doleiros Cláudio Barboza, o 'Tony', e Vinicius Claret, o 'Juca Bala', afirmaram que as operações com Mizrahy chegaram a R$ 50 milhões entre 2011 e 2017. Os delatores narraram que recolhiam valores na casa do 'agiota', em Ipanema, no Rio.
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Segundo a 'Câmbio, desligo', os doleiros depositavam cheques obtidos no mercado varejista em contas-correntes de pessoas próximas, empresas indicadas ou dos filhos e da companheira de Sérgio Mizrarhy. Em contrapartida, o 'agiota' entregava reais em espécie aos doleiros, descontando sua comissão de 1%.
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Os advogados afirmaram à Corte de apelação da Lava Jato, no Rio, que Sérgio Mizrahy 'nunca agiu como doleiro, seja para o grupo chefiado pelo ex-governador do Rio de Janeiro, seja para qualquer outra pessoa'.
"O paciente (Sérgio Mizrahy), por ser uma pessoa reconhecida por emprestar dinheiro há mais de 20 (vinte) anos, apenas foi utilizado pelos doleiros e agora Colaboradores, Tony e Juca, para conseguir valores em espécie (papel). É conhecido como consultor financeiro, popularmente chamado de "agiota". Não detinha qualquer controle ou conhecimento de tudo que estava por trás da sua participação acessória", argumentou a defesa.
No documento, os advogados pedem a revogação da prisão preventiva de Sérgio Mizrahy. A defesa colocou o passaporte do 'agiota' à disposição da Justiça.
"Poucas coisas causam maior prejuízo a um ser humano do que o encarceramento", assinalam.
A 'Câmbio, desligo', maior ofensiva já desfechada contra o mercado paralelo da moeda americana no País, foi deflagrada pela Procuradoria da República. A ação culminou na prisão de 35 doleiros históricos, que agem desde os anos 1970 em praças diversas e comunicação com escritórios em paraísos fiscais.