PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Lava Jato deflagra 15ª fase e prende sucessor de Cerveró na Petrobrás

Batizada de Operação Conexão Mônaco, Polícia Federal cumpre mandados no Rio, onde mora Jorge Zelada, ex-diretor de Internacional suspeito de receber propina no esquema de corrupção na estatal

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Jorge Zelada prestou depoimento à CPI da Petrobrás no Senado, em maio de 2014. Foto: Ed Ferreira/Estadão

Atualizada às 12h45

PUBLICIDADE

Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Fausto Macedo, Fabio Fabrini, Andreza Matais e Julia Affonso

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira, 2, a 15ª fase da Operação Lava Jato. O ex-diretor de Internacional da Petrobrás Jorge Zelada foi preso no Rio.

Batizada de Conexão Mônaco, a operação cumpriu três mandados de busca e apreensão no Rio e um em Niterói. Zelada foi o único a ter prisão preventiva decretada pela Justiça Federal. O ex-diretor sucedeu Nestor Cerveró - preso desde janeiro, em Curitiba - na área de Internacional.

Publicidade

Segundo a PF, o foco dessa nova etapa são "crimes de corrupção, fraudes em licitações, desvios de verbas públicas, evasão de divisas e lavagem de dinheiro". Zelada será levado para Curitiba, sede das investigações da Lava Jato, ainda hoje.

Delator diz que pagou R$ 120 mil para Zelada, sucessor de Cerveró

Mônaco. O nome da operação decorre da descoberta de 11, milhões de euros mantidos por Zelada em conta secreta no Principado de Mônaco. Em março, a força-tarefa da Lava Jato havia apontado o ex-diretor como um dos próximos alvos das investigações, no núcleo de agentes públicos da estatal sob suspeita de corrupção.

 Foto: Estadão

Na ocasião, Zelada teve sua fortuna bloqueada em duas contas que controlava no banco Julius Baer, no Principado de Mônaco, segundo a Procuradoria.

Publicidade

Zelada foi sucessor do ex-diretor Nestor Cerveró - preso desde 14 de janeiro - na diretoria que era cota do PMDB no esquema de loteamento político na estatal.

O Ministério Público Federal descobriu que Zelada era controlador da conta em nome da offshore Rockfield Internacional S.A.

Na conta da Rockfield Internacional a força tarefa da Lava Jato conseguiu há um mês bloquear a maior parte da fortuna não-declarada de Zelada: 11 milhões de euros. Em outra conta aberta no mesmo banco - esta em seu nome - havia mais 32 mil euros.

 Foto: Estadão

"Se nós tivéssemos o crime de enriquecimento ilícito, nós estaríamos oferecendo acusação criminal contra Zelada. Porque não o temos, devemos prosseguir nas investigações até alcançarmos provas consistentes para que, aí sim, possamos formular acusações criminais", afirmou o procurador Deltan Dallagnol, em março, quando foi denunciado Renato Duque, ex-diretor de Serviços.

A ordem de bloqueio da fortuna de Zelada em Mônaco foi a mesma que congelou os 20 milhões de euros que o ex-diretor de Serviços da Petrobrás Renato Duque tentou ocultar, transferindo os valores da Suíça para o Principado, no fim de 2014.

Publicidade

Por conta das movimentações financeiras não declaradas em Mônaco, Duque foi preso no dia 16 de março pela segunda vez, pela Operação 'Que País é Esse?' - frase dita por ele ao se indignar com a primeira prisão de que foi alvo, em 14 de novembro. Duque permanece detido em Curitiba.

As remessas de valores milionários de Zelada indicam lavagem de dinheiro e caracterizam 'continuidade delitiva' - fundamento principal da ordem de custódia preventiva contra o ex-diretor. O juiz federal Sérgio Moro citou decisões do Superior Tribunal de Justiça, jurisprudência que, mesmo resguardando a excepcionalidade da prisão preventiva, admite a medida para casos nos quais se constate habitualidade criminosa e reiteração delitiva.

"É certo que a maioria dos precedentes citados não se refere a crimes de lavagem de dinheiro, mas o entendimento de que a habitualidade criminosa e reiteração delitiva constituem fundamentos para a prisão preventiva é aplicável, com as devidas adaptações, mesmo para crimes desta espécie", destacou o juiz federal Sérgio Moro.

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA EDUARDO DE MORAES, QUE DEFENDE JORGE ZELADA

"NOTA

Publicidade

Acerca da prisão de Jorge Zelada, implementada hoje, em sua residência, a defesa declina que ainda não teve acesso ao teor da decisão, mas antecipa, com toda segurança, a absoluta desnecessidade, em termos cautelares, da medida excepcional, decretada mais de 3 (três) anos após deixar a Petrobras. Jorge Zelada sempre esteve à disposição das autoridades públicas. A sua liberdade não representa, como nunca representou, qualquer risco à investigação ou à ordem pública. O método de prender para apurar e processar subverte a Constituição Federal e precisa ser repelido, sob pena de imperar, como está imperando, o arbítrio em detrimento da lei. Assim que tiver conhecimento do conteúdo da decisão, a defesa de Jorge Zelada adotará as medidas cabíveis para restabelecimento da legalidade, que significa a restituição da sua liberdade.

Rio de Janeiro, 2 de julho de 2015.

Eduardo de Moraes

Advogado"

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.