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Investigação da Lava Jato do Rio envolve pelo menos sete secretários do governo Witzel

Além de Edmar Santos, ex-titular da Saúde que fechou acordo de delação premiada com as autoridades, representação do Ministério Público Federal cita Lucas Tristão (Desenvolvimento Econômico), Pedro Fernandes (Educação), Leonardo Rodrigues (Ciência e Tecnologia), Cleiton Rodrigues (Governo), André Moura (Casa Civil) e Juarez Fialho (Cidades)

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Foto do author Rayssa Motta
Foto do author Pepita Ortega
Por Rayssa Motta , Pepita Ortega , Paulo Roberto Netto , Fausto Macedo/SÃO PAULO , Rafael Moraes Moura/BRASÍLIA e Caio Sartori/RIO
Atualização:

Os secretários Lucas Tristão (Desenvolvimento Econômico), Pedro Fernandes (Educação), Leonardo Rodrigues (Ciência e Tecnologia), Cleiton Rodrigues (Governo), André Moura (Casa Civil) e Juarez Fialho (Cidades) são citados em representação do MPF. Foto: Agência Brasil, Reprodução/Twitter, Divulgação/Governo do Rio, Fernando Frazão/Agência Brasil, Luis Macedo/Câmara dos Deputados e Divulgação/PSC

Operação Tris in Idem, deflagrada nesta sexta, 28, revelou uma série de suspeitas do Ministério Público Federal (MPF) sobre a gestão Wilson Witzel (PSC). Além do próprio governador do Rio, que já é alvo de um processo de impeachment na Assembleia Legislativa por denúncias de irregularidades em contratações emergenciais na pandemia, seu vice, Cláudio Castro (PSC), e pelo menos cinco secretários em exercício ou exonerados são investigados pela Procuradoria.

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O inquérito enfraquece o governo, que já vem isolado politicamente, e arrasta membros do alto escalão para o centro da apuração criminal. Além de Edmar Santos, ex-secretário de Saúde que fechou acordo de delação premiada com as autoridades, de seu 'número dois' na pasta, Gabriell Neves, preso em maio por denúncias de improbidade, suspeitas sobre o envolvimento de outras secretarias em diferentes frentes de irregularidades constam na representação de 403 páginas assinada pela subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo.

O ex-secretário de Saúde do Rio, Edmar Santos, assinou acordo de colaboração. Foto: Eliane Carvalho/Governo do RJ

Segundo o documento, o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, preso na operação de ontem, atuaria como interlocutor entre o governo e Mário Peixoto para alinhar detalhes do suposto esquema de direcionamento de licitações em favor de organizações sociais controladas pelo empresário. Classificado como 'pessoa de confiança' de Witzel e de Peixoto, ele é suspeito de participar da operacionalização do plano para ocultar, através de seu próprio escritório e do escritório da primeira-dama, Helena Witzel, o recebimento de propinas pagas pelo empresário.

 

Também supostamente ligados a Mário Peixoto, os secretários de Educação, Pedro Fernandes, e de Ciência e Tecnologia, Leonardo Rodrigues, teriam sido indicados pelo executivo. Rodrigues ainda teria recebido propinas de um segundo empresário, José Carlos de Melo, para garantir contratos a empresas 'agenciadas' por ele.

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Alvos de buscas na operação de ontem, os secretários de Governo, Cleiton Rodrigues, e da Casa Civil, André Moura (PSC), são suspeitos de encabeçarem suposto esquema de loteamento de cargos para apadrinhados de deputados estaduais. Em delação, Edmar Santos afirmou que cerca de 1.800 vagas de porteiros, auxiliares de limpeza, seguranças e funções de nível técnico foram oferecidas a deputados em troca de apoio politico. O MPF também indicou foi apurado que parlamentares podem ter se beneficiado de desvios de dinheiro público relacionados a sobras dos duodécimos do Legislativo.

O secretário de Cidades, Juarez Fialho, que também é tesoureiro do PSC, é citado na representação do Ministério Público Federal como sócio de um suposto operador financeiro do Pastor Everaldo, apontado como coordenador de um dos grupos beneficiados sistematicamente por contratações irregularidades do governo, na transportadora de valores suspeita de participar da etapa de lavagem de dinheiro. A Procuradoria também chamou atenção para o participação de Fialho em 'empresas interligadas' e como titular de uma offshore na Suíça.

COM A PALAVRA, O GOVERNADOR WILSON WITZEL Em nota, o governador afirmou: "A defesa do governador Wilson Witzel recebe com grande surpresa a decisão, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade. Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis".

Em pronunciamento o governador afastado se disse 'indignado' e 'vítima de perseguição política'.

COM A PALAVRA, OS ADVOGADOS ERIC TROTTE E BRUNO ALVERNAZ, QUE REPRESENTAM O SECRETÁRIO LEONARDO RODRIGUES  Acerca dos fatos relacionados à Operação "Tris in Idem" noticiados pela imprensa, o Secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Leonardo Rodrigues, vem através dos seus advogados, informar que ainda não teve acesso aos autos do inquérito. Ressalta, no entanto, que não praticou qualquer crime e que as afirmações do delator Edmar Santos não passam de meras ilações desprovidas de relação com a realidade fática.

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Ademais, em que pese a empresa da qual o secretário é sócio tenha sido alvo de busca e apreensão, nada foi apreendido na sua sede, o que demonstra a inexistência de qualquer ato ilícito relacionado à empresa e ao Secretário.

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COM A PALAVRA, O SECRETÁRIO JUAREZ FIALHO Juarez Fialho esteve na iniciativa privada até novembro de 2018. Ao ser convidado para trabalhar no Governo do Estado, se desligou de toda e qualquer atividade privada para se dedicar exclusivamente ao serviço público. Sendo assim, não possui qualquer vínculo com as empresas citadas.

COM A PALAVRA, O SECRETÁRIO ANDRÉ MOURA O secretário André Moura não possui poder de nomeação em relação a cargos que estão fora da sua secretaria e nega participação em qualquer suposto esquema de loteamento de cargos.

COM A PALAVRA, O SECRETÁRIO PEDRO FERNANDES O secretário Pedro Fernandes não foi alvo da operação. Não temos conhecimento sobre acusações dirigidas a ele. Depois de saber da citação do nome do secretário pela imprensa, o advogado dele pediu imediatamente acesso ao processo. Causa estranheza a menção ao secretário já que a Secretaria de Educação não tem qualquer contrato com OSs ligadas aos empresários alvos da ação.

COM A PALAVRA, OS DEMAIS SECRETÁRIOS DE WITZEL

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A reportagem busca contato com os secretários citados na representação do Ministério Público Federal. O espaço está aberto para manifestações (rayssa.motta@estadao.com).

COM A PALAVRA, O PASTOR EVERALDO O Pastor Everaldo informa que, no dia 19 de agosto, encaminhou petição ao STJ solicitando para ser ouvido.

Na manhã desta sexta-feira, foi surpreendido com sua prisão e com a busca e apreensão realizadas em seus endereços.

Após ser preso, o Pastor Everaldo pediu para ser ouvido ainda hoje. O depoimento, no entanto, só deve acontecer na próxima segunda-feira, dia 31.

O Pastor Everaldo reitera sua confiança na Justiça.

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