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Em depoimento à CPI da OAS, Léo Pinheiro diz que construtora pagou propinas em obras contratadas na gestão Luiz Marinho em São Bernardo do Campo

Ex-presidente da empreiteira e delator na Lava Jato, no entanto, não soube citar beneficiários dos supostos repasses; ex-prefeito chama comissão de 'factoide'

Foto do author Rayssa Motta
Foto do author Fausto Macedo
Por Rayssa Motta e Fausto Macedo
Atualização:

Em operação desde agosto do ano passado, a CPI da OAS instalada na Câmara Municipal de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, ouviu nesta segunda-feira, 17, o ex-presidente da empreiteira, Léo Pinheiro, sobre supostas propinas em obras contratadas durante a gestão do ex-prefeito Luiz Marinho (PT), reeleito em 2012. O petista é hoje presidente do diretório estadual do partido.

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Delator da Operação Lava Jato, Léo Pinheiro foi ouvido em sessão remota na condição de testemunha e afirmou aos vereadores que agentes públicos municipais receberam pagamentos indevidos da construtora. O empresário, no entanto, não soube listar quem seriam os beneficiários dos repasses. "O município de São Bernardo, onde a OAS executava obras, onde tinha conhecimento havia pagamento de vantagens indevidas, porque tínhamos essa informação que chegava pelo vice-presidente da empresa. Que houve, eu tenho certeza que houve, mas a periodicidade e a quem está vinculado, estão em detalhes com outros departamentos", afirmou.

Léo Pinheiro também levantou suspeitas sobre as obras do Piscinão do Paço, projeto de drenagem urbana para evitar enchentes na região central da cidade, que segundo o ex-presidente da OAS foi direcionado em favor da empreiteira em troca de propinas.

Obras do Piscinão do Paço, em São Bernardo do Campo. Foto: Divulgação/OAS

Na semana passada, a comissão parlamentar ouviu o ex-superintendente administrativo da empreiteira, José Ricardo Nogueira Breghirolli, pivô da abertura da CPI, instalada mais de um ano depois que vieram a público trechos de sua delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal também na esteira da Lava Jato. Ele afirmou ter conhecido de pagamentos indevidos na ordem de R$ 20 milhões em obras contratadas na gestão Marinho, mas assim como Léo Pinheiro, não soube nomear os políticos e agentes públicos supostamente beneficiados. Ambos argumentam que o trabalho de negociação e operacionalização das propinas era dividido propositalmente para evitar que os funcionários envolvidos tivessem conhecimento de detalhes do alegado esquema.

Dois ex-diretores da OAS citados nos depoimentos de Léo Pinheiro e Breghirolli também foram convocados para prestar esclarecimentos.

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COM A PALAVRA, O EX-PREFEITO LUIZ MARINHO

O ex-prefeito Luiz Marinho nega irregularidades durante sua gestão. Ele classifica a CPI como 'factoide', afirma que os membros da comissão servem como 'instrumentos para a perseguição política' e questiona os trabalhos em meio à pandemia do novo coronavírus.

"É lamentável que no momento em que ultrapassamos a marca de mais de duas mil e duzentas mortes por covid-19 na cidade os vereadores da base do atual prefeito mostrem que, a exemplo do chefe deles, não se preocupam com a vida dos são-bernardenses. Se prestam a servirem de instrumentos para a perseguição política em vez de construir soluções para que mais mortes sejam evitadas. Assim como o Congresso Nacional a Câmara Municipal de São Bernardo deveria investigar a conduta do atual prefeito e a aplicação dos recursos públicos destinados ao enfrentamento da pandemia. Essa CPI é mais um factoide de quem não sabe o que fazer para chamar atenção, desviar a atenção para os verdadeiros problemas da cidade e que não gosta muito de trabalhar", afirmou em nota.

Também coloca em dúvida a palavra dos delatores. "A história recente mostra como as delações premiadas foram construídas no nosso País e o que as pessoas, sob pressão, são capazes de inventar", disse.

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