Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, Mateus Coutinho e Fausto Macedo
O cirurgião plástico Olavo Horneaux de Moura Filho, preso na Operação Pixuleco - 17.º capítulo da Lava Jato -, declarou à Polícia Federal que o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil do governo Lula), era chamado de "professor".
"A turma do Dirceu era a turma do professor", disse Olavo, irmão gêmeo do empresário Fernando Moura, personagem emblemático da Pixuleco, apontado pela PF como elo do PT e do ex-ministro com o esquema de propinas na Petrobrás.
Olavo e seu irmão são alvos da Pixuleco. Fernando está preso em caráter preventivo. Olavo depôs à força-tarefa da Lava Jato. Disse que, em 2009, "passou por um momento financeiro difícil" e pediu dinheiro a seu irmão Fernando. Algum tempo depois, segundo o médico, o irmão o comunicou que não tinha como lhe fornecer diretamente o dinheiro, mas que Milton Pascowitch o faria.
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Pascowitch é apontado pela PF como lobista e operador de propinas na Diretoria de Serviços da Petrobrás, cota do PT na estatal. Sua empresa, a Jamp Engenheiros, manteve contrato com a JD Assessoria e Consultoria, de José Dirceu.
Segundo Olavo Moura, o lobista depositou "cerca de R$ 200 mil em sua conta, de forma fracionada" e mais R$ 240 mil na conta de seu filho, Thiago, que iria se casar.
Olavo Moura disse que "nunca devolveu o valor a Pascowitch uma vez que solicitou o dinheiro a seu irmão Fernando" . O cirurgião afirmou que os valores foram declarados no Imposto de Renda sob a rubrica "doação", por orientação de Pascowitch, embora admita que "não tenha se tratado de doação, mas sim de um empréstimo solicitado a seu irmão".
Pascowitch fez delação premiada, por isso saiu da prisão e está em regime domicliar. À PF, ele afirmou que pagava R$ 180 mil mensais para Fernando Moura. "Por vezes", os valores eram recebidos pelo próprio Olavo Moura.