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Deputado do PT pede a Aras que investigue serviços prestados por Moro em consultoria

Diante da possibilidade de arquivamento de procedimento no Tribunal de Contas da União, após manifestação do subprocurador de Contas, aliados de Lula recorrem ao chefe do Ministério Público Federal para esmiuçar contratação

Por Rayssa Motta
Atualização:

O deputado federal Rui Falcão (PT-SP) pediu ao procurador-geral da República, Augusto Aras, que investigue os serviços prestados pelo ex-juiz Sérgio Moro, hoje pré-candidato a presidente, no período em que trabalhou na consultoria Alvarez & Marsal.

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Documento

Leia o pedido

A representação foi enviada nesta quinta-feira, 3, em meio à possibilidade de arquivamento do procedimento aberto no Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar a contratação. Na semana passada, o Ministério Público enviou parecer sugerindo o encerramento do caso e o envio das conclusões à Receita Federal. O ministro Bruno Dantas deve aguardar o relatório da área de inteligência do TCU antes de tomar uma decisão sobre o pedido.

Na nova ofensiva contra Moro, após recuar da proposta de CPI, o petista solicita que sejam disparados ofícios à Receita Federal e ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para que os órgãos informem sobre eventuais atividades suspeitas com valores ou recursos recebidos direta ou indiretamente relacionados à Operação Lava Jato.

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O ex-juiz federal Sérgio Moro. Foto: Dida Sampaio / Estadão

A representação é subscrita pelo advogado Marco Aurelio de Carvalho, coordenador do Prerrogativas, e pelos advogados Fernando Hideo Lacerda, Fabiano Silva dos Santos, Lenio Streck, Gisele Cittadino, Carol Proner, Sheila Carvalho, Juvelino Strozake e Alessandra Camarano Martins, colaboradores do grupo.

Pressionado pelo TCU e em meio a especulações sobre o salário na consultoria, Moro divulgou a remuneração e abriu documentos relacionados ao contrato Alvarez & Marsal. Em transmissão ao vivo nas redes sociais na última sexta, 28, o ex-juiz revelou que recebeu R$ 3,65 milhões por 11 meses de trabalho.

O PT, no entanto, diz que os serviços prestados precisam ser esclarecidos. "Ainda não está claro se na relação de valores apresentada por Sergio Moro estão incluídos benefícios e vantagens, verbas rescisórias, e se há outra pessoa jurídica ligada a ele que tenha prestado serviços a empresas do grupo Alvarez & Marsal ou outra ligada direta ou indiretamente à Operação Lava Jato. Também não há informações sobre valores recebidos em contas bancárias eventualmente mantidas no exterior", diz o documento enviado à PGR.

Em entrevista ao Estadão, executivos da consultoria sinalizaram que as detalhes sobre os serviços prestados por Moro a empresas privadas tendem a ser resguardados, para preservar os clientes e informações sensíveis dessas companhias.

A polêmica em torno da contratação e dos ganhos de Moro foi levantada em razão do rol de clientes da Alvarez & Marsal. A empresa é responsável por administrar a recuperação judicial de empreiteiras investigadas na Lava Jato, incluindo a Odebrecht. Na condição de juiz, Moro autorizou acordos de leniência e delações premiadas que beneficiaram a construtora, seus sócios e executivos. Como contratado da consultoria, alega que não teve participação no setor.

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Moro será um dos rivais do ex-presidente Luiz Inácio Inácio Lula da Silva (PT) na corrida ao Planalto. Em 2018, quando ainda era juiz da Lava Jato, foi o responsável por colocar o petista na cadeira no processo do triplex, inviabilizando a candidatura do ex-presidente, então favorito nas pesquisas de intenção de voto.

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