A confissão do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot de que planejou assassinar a tiros o ministro Gilmar Mendes, do Supremo, abriu caminho para protestos até de Eduardo Cunha. Preso desde outubro de 2016 na Operação Lava Jato, o ex-presidente da Câmara avalia, por meio de seus advogados, que 'as declarações esquizofrênicas de Janot, afirmações irresponsáveis, revelam agora aquilo que a defesa já sabia'.
"Asilegalidades praticadas contra Eduardo Cunha, à época que ele (Janot) conduziu com o fígado o Ministério Público Federal, violavam princípios básicos como a impessoalidade", argumentam os criminalistas que defendem o ex-deputado - Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso, Delio Lins e Silva Jr., Rafael Guedes de Castro, Caio Antonietto e Aury Lopes Jr.
Janot declarou ao Estadão detalhes da trama para eliminar Gilmar à bala.
Em 2017, contou, quando atravessava um momento muito tenso de sua gestão - época em que Gilmar teria citado o nome de sua filha como supostamente ligada à empreiteira OAS -, decidiu dar cabo do ministro. Só não executou o plano porque 'a mão de Deus' o conteve, disse.
"Causam perplexidade o tom e o nível das declarações esquizofrênicas prestadas pelo ex-procurador-geral da República. É um escândalo sem precedentes até para os padrões de Rodrigo Janot", diz a defesa de Cunha.
Para os criminalistas, 'Eduardo Cunha foi acusado e processado por um procurador suspeito, sem qualquer chance de justiça e de oportunidade de se utilizar de todos os meios de defesa'.
Eles atacam a citação de Janot a Cunha nas páginas do livro que o ex-procurador-geral pretende lançar em outubro. "Às vésperas de lançar um livro, faz uma acusação absurda e pitoresca de que Cunha seria responsável pela invasão de sua casa, tudo isso baseado 'no cheiro'."
Os advogados se dizem preocupados com a segurança do ex-parlamentar. "Afinal, o que significa um preso sem chance de defesa, para quem é capaz de sacar uma arma para um ministro, dentro do STF!"
LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA DA DEFESA DO EX-DEPUTADO EDUARDO CUNHA
'Causam perplexidade o tom e o nível das declarações esquizofrênicas prestadas pelo ex-Procurador Geral da República. É um escândalo sem precedentes até para os padrões de Rodrigo Janot. As afirmações irresponsáveis revelam agora aquilo que a defesa já sabia: as ilegalidades praticadas contra Eduardo Cunha, à época que ele conduziu com o fígado o Ministério Público Federal, violavam princípios básicos como a impessoalidade. Isso demonstra, e escancara, que Cunha foi acusado e processado por um Procurador suspeito, sem qualquer chance de justiça e de oportunidade de se utilizar de todos os meios de defesa. E que, agora, às vésperas de lançar um livro, faz uma acusação absurda e pitoresca de que Cunha seria responsável pela invasão de sua casa, tudo isso baseado "no cheiro". Preocupa-nos a segurança de Eduardo Cunha. Afinal, o que significa um preso sem chance de defesa, para quem é capaz de sacar uma arma para um Ministro, dentro do STF!'
Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso, Delio Lins e Silva Jr., Rafael Guedes de Castro e Caio Antonietto, Aury Lopes Jr.; advogados de defesa de Eduardo Cunha.