Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Conselho de Farmácia estuda processar gerente que vazou receita de cloroquina de David Uip

Entidade formalizou pedido de acesso ao inquérito que apura o caso para decidir se processa eticamente suspeito de divulgar autoprescrição do ex-coordenador do Centro de Contingência para o novo coronavírus no Estado de São Paulo

PUBLICIDADE

Foto do author Rayssa Motta
Por Rayssa Motta
Atualização:

O infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência da pandemia em São Paulo. Foto: Governo de São Paulo / Divulgação

O Conselho Regional de Farmácia formalizou pedido de acesso ao inquérito que apura o vazamento da receita médica do infectologista David Uip, ex-coordenador do Centro de Contigência para o novo coronavírus no Estado de São Paulo. O órgão deseja obter informações sobre a investigação para decidir sobre eventual abertura de processo ético contra o farmacêutico suspeito de divulgar a prescrição.

PUBLICIDADE

O inquérito, que corre em segredo de justiça, foi aberto em abril. Na ocasião, passaram a circular, nas redes sociais, imagens da receita médica na qual o infectologista, que estava com Covid-19, prescreveu cloroquina a si próprio. A investigação apontou que o gerente da farmácia que vendeu o medicamento teria vazado a foto em grupo WhatsApp.

Além do Conselho Regional de Farmácia, o funcionário também pode ser denunciado em breve, na esfera criminal, pelo Ministério Público de São Paulo. Isso porque os dados e provas obtidos na investigação, recém-finalizada, foram encaminhados ao órgão. Os promotores já sinalizaram indício do crime de violação do segredo profissional, uma vez que o conteúdo de qualquer receita médica é protegido, e neste caso, tratava-se de médico com função pública.

O criminalista Luiz Flávio Borges D'Urso, advogado do médico, elogiou a iniciativa do Conselho como forma de alertar sobre a responsabilidade profissional. "O CRF está diligente e cumpre sua obrigação legal de fiscalizar o exercício profissional. Tudo isto tem um efeito pedagógico muito importante, pois alerta a todos sobre a responsabilidade profissional que não pode ser banalizada", afirma.

O caso ganhou repercussão após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sugerir que Uip escondia o uso do medicamento por 'questões políticas', já que 'pertence à equipe do governador de São Paulo'. Enquanto o governo federal aposta suas fichas no cloroquina e o próprio presidente anuncia que está faz uso do medicamento, que não teve eficácia comprovada pela comunidade científica, João Doria (PSDB) e outros governadores veem com ressalva a prescrição do uso da droga para pacientes infectados pelo novo coronavírus.

Publicidade

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.