A Polícia Civil de São Paulo cumpriu dois mandados de prisão temporária na capital paulista na manhã desta terça-feira, 29, contra os engenheiros André Yassuda e Makoto Namba, que teriam prestado serviços para a mineradora Vale por meio da empresa alemã Tüv Süd e atestado a estabilidade da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais.
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PRISÕES - BRUMADINHOYassuda era diretor da Tüv Süd. Já Namba atuava como engenheiro, sem cargo de direção. A polícia foi a três locais na capital paulista: a residência dos dois engenheiros e a sede da empresa.
Outros três funcionários da Vale - César Augusto Paulino Grandchamp, Ricardo de Oliveira e Rodrigo Arthur Gomes de Melo - também foram detidos, na região metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com o Ministério Público de Minas Gerais, eles estão diretamente envolvidos no licenciamento da barragem que se rompeu na última sexta-feira, 29.
Segundo o Ministério Público, André Jum Yassuda, Cesar Augusto Paulino Grandchamp e Makoto Manba informaram em documentos recentes que as estruturas das barragens se encontravam em consonância com as normas de segurança.
Ricardo de Oliveira e Rodrigo Artur Gomes Melo, respectivamente, gerente de meio ambiente, saúde e segurança e gerente executivo operacional da Vale no Complexo do Feijão, eram os responsáveis pelo licenciamento e funcionamento das estruturas das barragens.
Os mandados foram solicitados pelos promotores de Minas Gerais e expedidos no domingo, 27, pela juíza Perla Saliba Brito, da Comarca de Brumadinho, a mesma magistrada responsável por duas decisões judiciais que bloquearam R$ 10 bilhões da Vale. Os cinco detidos serão ouvidos Ministério Público em Belo Horizonte. As prisões têm validade de trinta dias.
Na sentença, a juíza destacou que a prisão temporária dos investigados era "imprescindível" para as investigações. "Trata-se de apuração complexa de delitos, alguns, perpetrados na clandestinidade", disse.
A magistrada afirmou também que existem sensores capazes de monitorar sinais de rompimento e que os laudos assinados pelos investigados não correspondem com a verdade, uma vez que não é "crível que barragens de tal monta, geridas por uma das maiores mineradoras mundiais, se rompam repentinamente, sem dar qualquer indício de vulnerabilidade".
Busca e apreensão
Procuradores dos Ministério Público Federal, agentes da Polícia Federal e peritos nas áreas de informática, mineração e geologia também cumpriram cinco mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Federal de Belo Horizonte na sede da Vale, em Nova Lima (MG), e em uma empresa sediada na capital paulista que prestou serviços de consultoria na área de barragens para a mineradora.
Outros sete mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Comarca de Brumadinho. Participaram da ação, no âmbito estadual, promotores dos Gaecos de Minas Gerais e São Paulo e das polícias Civil e Militar de Minas.
Os documentos e provas apreendidas também serão encaminhados ao Ministério Público de Minas Gerais para análise.
COM A PALAVRA, VALE
"Referente aos mandados cumpridos nesta manhã, a Vale informa que está colaborando plenamente com as autoridades. A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos fatos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas."
COM A PALAVRA, TÜV SÜD
"A Tüv Süd Brasil lamenta profundamente o rompimento da Barragem I da Mina de Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais.
A Tüv Süd Brasil fez duas avaliações da barragem a pedido da Vale: uma revisão periódica da segurança da barragem (junho de 2018) e uma inspeção regular da segurança da barragem (setembro de 2018).
Devido às investigações em andamento, a Tüv Süd Brasil não irá se pronunciar neste momento e fornece todas as informações solicitadas pelas autoridades."
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