Paulo Roberto Netto e Pepita Ortega
11 de maio de 2020 | 21h32
O decano do Supremo Tribunal Federal, ministro Celso de Mello, autorizou a realização de perícia técnica para ‘verificar a autenticidade e a integralidade’ dos arquivos enviados pela Advocacia-Geral da União na semana passada. O governo apresentou HD externo com a gravação da reunião ministerial do dia 22 de abril, citada pelo ex-ministro Sérgio Moro como a ocasião em que o presidente Jair Bolsonaro o ameaçou de demissão caso não trocasse a direção-geral da Polícia Federal.
A decisão de Celso de Mello determina que uma equipe realize a perícia logo após a exibição da gravação aos procuradores, advogados de Moro e à AGU prevista para às 8h desta terça, no Instituto Nacional de Criminalística da PF, em Brasília.
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O pedido de perícia foi apresentado ao decano no início da tarde pela Polícia Federal.
Em determinação de urgência, o decano determinou que a AGU, a PGR e os advogados de Moro poderão apresentar, em até 24 horas, nomes para acompanharem os trabalhos dos agentes.
O ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal. Foto: Dida Sampaio / Estadão
Celso de Mello cobrou, ainda, a degravação integral do HD externo apresentado pela União. Os arquivos deverão ser encaminhados ao seu chefe de gabinete, Miguel Piazzi.
“Essa determinação é por mim adotada pelo fato de – por não me encontrar em Brasília neste período de pandemia, em razão de compor grupo de risco, embora trabalhando, intensamente, à distância – necessitar, para efeito de conhecimento integral, ter acesso ao que se contém no HD externo em causa, em ordem a poder, então, com plena ciência dos elementos existentes em tais arquivos, decidir sobre a divulgação, total ou parcial, do que se passou na reunião ministerial de 22/04/2020, realizada no Palácio do Planalto”, afirmou o decano.
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