O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello pediu ao presidente da Corte, ministro Dias Toffoli, que as decisões que envolvam atos de competência de outros poderes passem a ser julgados pelo plenário do Supremo. A proposta foi encaminhada na esteira de críticas do Planalto a liminares deferidas monocraticamente pela Corte, como a que suspendeu a nomeação de Alexandre Ramagem para a chefia da Polícia Federal na semana passada.
A mudança elaborada por Marco Aurélio adiciona ao regimento da Corte redação para 'apreciar pedido de urgência' pelo plenário do Supremo 'quando envolvido ato do Poder Executivo ou Legislativo'. A alteração precisa ser votada pelos colegas do STF.
Documento
A PROPOSTA DE MARCO AURÉLIOSegundo Marco Aurélio, como o Supremo tem 'a última palavra' no Judiciário, um único integrante da Corte pode 'isoladamente' suspender 'ato praticado por dirigente de outro Poder - Executivo ou Legislativo'.
"Esforços devem ser feitos visando, tanto quanto possível, preservar a harmonia preconizada constitucionalmente, surgindo, de qualquer forma, com grande valor, o princípio da autocontenção", afirma.
Na semana passada, decisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes suspendeu a nomeação do diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, para a chefia da Polícia Federal. O ministro viu indícios de 'desvio de finalidade' na indicação, feita logo após o ex-ministro Sérgio Moro acusar o presidente Jair Bolsonaro de 'interferência política' na corporação.
Ramagem era nome de confiança de Bolsonaro e próximo de seus filhos. A suspensão da nomeação levou o presidente a criticar Moraes, afirmando que ele quase provocara uma 'crise institucional' entre o Planalto e o STF.
Outra decisão individual que atingiu ato do governo foi tomada pelo ministro Luis Roberto Barroso, que suspendeu ordem do Itamaraty para a retirada do corpo diplomático da Venezuela. A expulsão dos funcionários da embaixada e dos consulados do país vizinho deveria ocorrer no último fim de semana.
O presidente afirmou que a liminar 'acatou os argumentos de um defensor do regime de Nicolás Maduro'. Bolsonaro não menciona o fato da procuradoria-geral da República (PGR) ter emitido parecer recomendando a suspensão da ordem por motivos humanitários.