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Alexandre proíbe Sérgio Reis, Zé Trovão e empresários de se aproximarem da Praça dos Três Poderes e bloqueia arrecadação para ato de 7 de Setembro

Medida se estende a investigados que, segundo a Procuradoria-Geral da República, tem 'convocado a população, através de redes sociais, a praticar atos criminosos e violentos de protesto às vésperas do feriado de 7 de setembro, durante uma suposta manifestação e greve de 'caminhoneiros'; restrição não se aplica apenas ao deputado bolsonarista Otoni de Paula, 'em razão da necessidade do exercício de suas atividades parlamentares'

Foto do author Pepita Ortega
Foto do author Fausto Macedo
Por Pepita Ortega , Breno Pires e Fausto Macedo
Atualização:

STF foi acionado para analisar constitucionalidade das mudanças promovidas pelo Congresso na Lei da Improbidade. Foto: Bento Viana/GDF

Além ordenar buscas contra o cantor Sérgio Reis e o deputado Otoni de Paula por suposta 'incitação à prática de atos violentos e ameaçadores contra a democracia, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, proibiu nove pessoas de se aproximarem de um raio de um quilômetro da Praça dos Três Poderes, dos Ministros do STF e dos senadores.

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Entre os alvos da medida estão Sérgio Reis, o cantor Eduardo Oliveira Araújo, os empresários Turíbio Torres e Alexandre Urbano Raitz Petersen, o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, mais conhecido como 'Zé Trovão', o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja Antonio Galvan, além de Wellington Macedo de Souza, que se apresenta como coordenador nacional da Marcha da Família, Juliano da Silva Martins e Bruno Henrique Semczeszm.

Ao menos três deles - Sérgio Reis, Eduardo Araújo e Turibio Torres - estiveram em reuniões no Planalto semana passada. No dia 12 de agosto, o assessor especial de Bolsonaro, Mosart Aragão, publicou nas redes sociais um vídeo do presidente ao lado de Sérgio Reis e Eduardo Araujo, no palácio.

Junto com Otoni de Paula, todos são alvos de inquérito solicitado pela Procuradoria-Geral da República por terem 'convocado a população, através de redes sociais, a praticar atos criminosos e violentos de protesto às vésperas do feriado de 7 de setembro, durante uma suposta manifestação e greve de 'caminhoneiros''. O caso tomou os holofotes após circularem vídeo e áudio, atribuídos Sérgio Reis, convocando uma paralisação nacional dos caminhoneiros contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e em defesa do voto impresso.

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"Não trata de mera retórica política de militante partidário, mas, sim, de atos materiais em curso conforme acima descrito, que podem atentar contra a Democracia e o regular funcionamento de suas Instituições", escreveu a PGR ao solicitar as diligências cumpridas pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira, 20. Ao todo, são cumpridos 29 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal , e nos Estados de Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Ceará e Paraná.

De acordo com Alexandre, a restrição de acesso se dá 'para evitar a prática de infrações penais e preservação da integridade física e psicológica dos ministros, senadores, servidores ali lotados, bem como do público em geral que diariamente frequenta e transita nas imediações'. Tal determinação somente não se aplicará a Otoni de Paula, 'em razão da necessidade do exercício de suas atividades parlamentares'.

Sérgio Reis. FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Foto: Estadão

O ministro também determinou o bloqueio imediato dos perfis dos investigados no Facebook, Instagram, Twitter, Youtube. Além disso, ordenou o bloqueio de uma chave pix (e da conta a ela vinculada) que, segundo a PGR, tem recebido 'doações de particulares para financiar a paralisação' planejada pelo grupo. Todos os investigados serão ouvidos pela Polícia Federal 'imediatamente' após o cumprimento das diligências da manhã desta sexta, 20, registra ainda a decisão de Alexandre.

No despacho datado desta quarta, 18, Alexandre de Moraes frisou que, 'como fartamente demonstrado no requerimento da PGR, os investigados pretendem utilizar-se abusivamente dos direitos de reunião, greve e liberdade de expressão, para atentar contra a Democracia, o Estado de Direito e suas Instituições, ignorando a exigência constitucional das reuniões serem lícitas e pacíficas; inclusive atuando com ameaça de agressões físicas'.

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Cantor Eduardo Araújo em foto da década de 1960. FOTO: CAIO GUATELLI/ESTADÃO Foto: Estadão

"O objetivo do levante seria forçar o governo e o Exército a 'tomar uma posição' em uma mobilização em Brasília em prol do voto impresso, proposta que foi, recentemente, derrotada na Câmara dos Deputados, bem como a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Para tanto, pretendem dar um 'ultimato' no presidente do Senado Federal, invadir o prédio do Supremo Tribunal Federal, 'quebrar tudo' e retirar os magistrados dos respectivos cargos 'na marra'", registra trecho do pedido da PGR, reproduzido da decisão do ministro do STF.

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Alexandre destacou a gravidade dos fatos narrados pela PGR apontando que as 'manifestações criminosas e antidemocráticas' estão sendo programadas para o dia 7 de setembro e 'os investigados estão se valendo de publicações  em redes sociais (Youtube, Instagram, Facebook) para instigar os seus seguidores, e tentar coagir a população brasileira em geral, a atentar contra o Estado Democrático de Direito brasileiro e suas Instituições republicanas, inclusive com incentivo a atos expressos de ameaça e violência física'.

"As condutas dos investigados, narradas pela Procuradoria Geral da República, revelam-se ilícitas e gravíssimas, constituindo ameaça ilegal à segurança dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e aos membros do Congresso Nacional, revestindo-se de claro intuito de, por meio de violência e grave ameaça, coagir e impedir o exercício da judicatura e da atividade parlamentar, atentando contra a independência dos Poderes Judiciário e Legislativo, com flagrante afronta à manutenção do Estado Democrático de Direito, em patente descompasso com o postulado da liberdade de expressão, dado que os investigados, expressamente, declaram o intuito de forçar o governo e o Exército a 'tomar uma posição' em uma mobilização em Brasília em prol do voto impresso, proposta que foi, recentemente, derrotada na Câmara dos Deputados, bem como exigem, mediante violência e grave ameaça, a destituição dos ministros do Supremo Tribunal Federal, pretendendo coagir, inclusive, o Presidente do Senado Federal", registrou o ministro em sua decisão.

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