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Advogados de Moro dizem que vídeo de reunião ministerial confirma seu relato sobre pressão e interferência de Bolsonaro na PF

Em nota divulgada após audiência de quase três horas no Instituto Nacional de Criminalística, em Brasília, advogado Rodrigo Sánchez Rios, que representa o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, defende publicidade total das imagens da reunião ministerial ocorrida no Palácio do Planalto em 22 de abril, antevéspera da queda do ex-juiz da Lava Jato

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Foto do author Fausto Macedo
Por Pepita Ortega , Fausto Macedo e Paulo Roberto Netto
Atualização:

O ex-ministro Sérgio Moro chega à sede da Polícia Federal em Brasília para assistir ao vídeo e reunião ministerial em que, segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro teria cobrado a troca na diretoria-geral da PF e da superintendência do Rio de Janeiro. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Após assistir o vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril, o advogado do ex-ministro Sérgio Moro Rodrigo Sánchez Rios afirmou que o material 'confirma integralmente' as declarações dadas pelo ex-juiz tanto no anúncio de sua demissão quanto no depoimento prestado à Polícia Federal no último dia 2. Em nota, o advogado afirmou ainda que o vídeo 'não possui menção a nenhum tema sensível à segurança nacional' e defendeu que a íntegra da gravação seja tornada pública.

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O registro foi exibido nesta terça, a um restrito grupo de pessoas autorizadas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Celso de Mello, relator do inquérito sobre suposta tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na PF. A exibição foi realizada no Instituto Nacional de Criminalística da corporação em Brasília, 'em ato único' - conforme determinado por Celso de Mello - com participação de Moro, integrantes da Advocacia-Geral da União e procuradores que acompanham o caso.

Segundo Moro, em tal reunião, Bolsonaro teria dito que iria 'interferir em todos os ministérios'. "O presidente afirmou que iria interferir em todos os Ministérios e quanto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, se não pudesse trocar o Superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, trocaria o Diretor Geral e o próprio Ministro da Justiça", relatou. (Leia a íntegra aqui).

O vídeo da reunião foi entregue pelo Planalto ao Supremo na sexta, 8, e o decano decidiu colocar temporariamente sigilo sobre o material. Ao autorizar o acesso do material pela PGR, AGU e por Moro, o ministro registrou que decidirá 'brevissimamente, em momento oportuno, sobre a divulgação, total ou parcial, dos registros audiovisuais contidos na mídia digital em questão'.

'Zero preocupação'

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Nesta segunda, 11, às vésperas da exibição do vídeo, Bolsonaro afirmou que tem 'zero' preocupação com a gravação e que decidiu entregar o vídeo pela 'verdade acima de tudo'. No entanto, o presidente disse esperar que apenas trechos que envolvam o inquérito sejam divulgados. Ele afirmou que o tem da reunião foi 'bruto', pois era reservado e se fosse em público teria usado uma forma mais 'polida'.

Antes de entregar a mídia ao Supremo, a Advocacia-Geral da União alegou que a gravação tratava de 'assuntos potencialmente sensíveis de Estados' e pediu para remeter apenas trechos. Depois pediu que a divulgação se restringisse aos trechos do inquérito e ainda pediu que fosse definida a cadeia de custódia da gravação.

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