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Resolução encaminhada por senadores republicanos da Pensilvânia não prova fraude

Texto que pede a contestação das eleições no estado americano não será votado pelo legislativo; vitória de Joe Biden já foi certificada na semana passada

Por Alessandra Monnerat
Atualização:

É falso que uma resolução encaminhada por senadores estaduais da Pensilvânia seja prova de fraude nas eleições americanas. Um vídeo com mais de 171 mil visualizações no YouTube divulga que alguns parlamentares republicanos contestaram o resultado da votação no estado, que deu a vitória para o candidato democrata Joe Biden. No entanto, a importância dessa resolução é exagerada no vídeo -- para que o texto valesse, precisaria ser votado pelas duas câmaras do legislativo estadual. 

Representantes da liderança da Casa já informaram que não pretendem analisar o texto até o encerramento do ano legislativo, nesta segunda-feira, 30. O resultado da eleição foi certificado no dia 24 de novembro pelo governador da Pensilvânia, Tom Wolf, e pela Secretária de Estado, Kathy Boockvar.

Eleitores de Biden dançam em manifestação em apoio a Joe Biden em frente ao local onde se apuram os votos Foto: Rebecca Blackwell/AP

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A resolução citada no vídeo foi publicada no dia 27 de novembro. Os senadores estaduais republicanos Doug Mastriano, David Arnold, Jr., Michele Brooks e Mario Scavello alegaram haver irregularidades no processo eleitoral da Pensilvânia e pediram que o resultado não fosse certificado. Um texto parecido foi divulgado por 27 deputados estaduais republicanos no mesmo dia. Nenhum dos parlamentares que assinam os dois documentos faz parte da liderança das casas legislativas. Apesar de citarem fraudes, não são anexadas provas de problemas no processo de votação.

O esforço para reverter o resultado das eleições foi protocolado aos 45 minutos do segundo tempo. O ano legislativo na Pensilvânia termina no dia 30 de novembro. Para que qualquer resolução seja aprovada, precisa ser analisada ao longo de três dias, e são necessários mais cinco dias para tramitar pelas duas casas (Senado e Câmara).

Nesta segunda-feira, 30, o presidente da Câmara, Bryan Cutler, e a líder da maioria, Kerry Benninghoff, ambos republicanos, disseram que não voltariam a se reunir até o final do ano legislativo. Os dois comunicaram que não haveria tempo de analisar nenhuma legislação nova, e que pediriam uma auditoria das eleições no ano que vem.

No Senado, líderes republicanos já haviam sinalizado que só votariam a resolução de contestar as eleições se a Câmara tomasse o primeiro passo -- o que não ocorreu.  

Na sexta, o líder republicano da Câmara, Benninghoff, disse que o partido vai seguir a tradição de dar os votos do colégio eleitoral para o vencedor do voto popular no estado. Nos Estados Unidos, a eleição presidencial é indireta. Cada unidade da federação americana tem um determinado número de delegados --  a Pensilvânia tem 20. Geralmente, os delegados eleitorais votam em quem ganhou o maior número de votos no estado. Mas há raras ocasiões de "infiéis", que contrariam a vontade dos eleitores. 

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Autoridades eleitorais da Pensilvânia disseram repetidas vezes que não há evidências de fraudes que possam ter alterado o resultado da votação no estado. Na semana passada, a campanha do presidente Donald Trump sofreu sucessivas derrotas judiciais em ações que contestavam as eleições. Em nenhum dos processos foi apresentada prova de fraude.

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