Receita caseira com jambu, alho e limão não cura a covid-19

Publicação no Facebook ensina a falsa receita e afirma que ‘este é o remédio que está tratando pessoas com o novo coronavírus no Amazonas'

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Por Pedro Prata
Atualização:

Até o momento, não há nenhum medicamento, substância, vitamina, alimento específico ou vacina que possa prevenir a infecção pelo novo coronavírus, diz o Ministério da Saúde. Mesmo assim, vídeos e publicações com falsas receitas caseiras milagrosas continuam sendo compartilhadas nas redes sociais.

Em vídeo postado no dia 18 de abril no Facebook, uma mulher ensina a cozer jambu, folha de jambu, limão com um corte em formato de cruz e alho. Ela afirma que fez a receita para o marido, que apresentava sintomas da covid-19 mas não queria ir ao hospital. Ainda de acordo com a mulher, ele teria consumido a mistura morna juntamente com um medicamento paracetamol ou dipirona.

Vídeo recomenda receita de jambu, alho e limão como cura do coronavírus. Foto: Reprodução/Facebook

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"Está aí o remédio que está curando o povo que está com o coronavírus no Amazonas", diz enganosamente a descrição do vídeo. A publicação já foi visualizada mais de duas milhões de vezes.

"Composições caseiras podem dar a falsa impressão de que as pessoas estão protegidas", afirma Jean Gorinchteyn, infectologista do Instituto Emílio Ribas, de São Paulo. Ele diz que a ideia equivocada de proteção pode levar pessoas a se exporem inadvertidamente e ficarem doentes. "Não temos medicamento nem para a prevenção, nem para o tratamento. As medicações disponíveis para o tratamento estão em caráter experimental, então sequer são recomendadas para os casos mais leves e brandos."

O Ministério da Saúde recomenda que quem apresentar sintomas semelhantes aos da gripe deve ficar em casa e evitar contato físico com outras pessoas, principalmente idosos e doentes crônicos. O paciente deve ficar em casa por 14 dias e só deve procurar um hospital de referência ao sentir falta de ar.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

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Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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