Um boato alega que o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci teria afirmado que urnas eletrônicas foram "encomendadas para fraudar as eleições" e que "eleições eram decididas pela cúpula". As alegações são falsas. A postagem é antiga e voltou a circular no Facebook nesta semana.
Palocci fechou acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato em 2018. A delação, em todos os seus depoimentos, não traz menção a urnas eletrônicas ou fraude em votações. Desde aquele ano, já foram divulgados 23 anexos da colaboração. Os depoimentos foram dados a partir de abril.
Em outras declarações públicas feitas pelo ex-ministro também não há qualquer registro de acusação contra urnas eletrônicas. Palocci cumpre regime semi-aberto em casa desde agosto de 2019.
Desde 2018, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reitera que "nunca foi comprovado um caso de fraude, ao longo de mais de 20 anos de utilização de urnas eletrônicas".
Histórico de compartilhamento do boato
Pela ferramenta CrowdTangle, o Estadão Verifica encontrou dezenas de postagens com a mesma frase sobre urnas eletrônicas a partir de 25 de junho de 2018. Palocci teve a delação homologada três dias antes, pelo desembargador João Pedro Gebran Neto, relator da Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Naquela mesma semana, o Estadão Verifica checou uma publicação que fazia referência falsa a um falso vazamento da delação onde, entre os temas, estaria a suposta confissão que as urnas eletrônicas seriam "um projeto para a implantação do socialismo na América Latina", também falso.