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Não, China não coleta DNA dos voluntários de testes de vacinas contra covid-19

Autor americano divulgou teoria da conspiração sobre interesse chinês em material genético da população mundial

Por Guilherme Bianchini e especial para o Estadão
Atualização:

É falso que os acordos internacionais para produção de vacinas chinesas contra a covid-19 tenham o objetivo de coletar "informações muito confidenciais sobre pessoas fora da China", incluindo o DNA dos voluntários dos testes. Essa teoria da conspiração tem sido compartilhada em sites como o Canal Questione-se e o Terça Livre, que reproduzem alegações do autor americano Gordon Chang.

Em entrevista a um canal de TV, Chang disse que a China estaria coletando DNA global para produzir uma arma biológica, destinada a grupos étnicos específicos. No entanto, ele não apresentou nenhuma prova para sua acusação. O conteúdo analisado foi enviado por leitores ao WhatsApp do Estadão Verifica: 11 97683-7490.

 

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O Instituto Butantan, que produz uma vacina em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, negou que haja coleta de material genético por parte da China, tanto no Brasil quanto no exterior. Em nota, o instituto esclareceu que os testes envolvem apenas avaliação de anticorpos.

"A informação é falsa", explicou o Butantan. "Não há estudo para obter DNA de amostras dos participantes, seja no Brasil ou no exterior. A única previsão de avaliação de amostras na China corresponde a testes de anticorpos de um pequeno número de participantes, com a finalidade de estabelecer a comparabilidade entre os resultados laboratoriais obtidos na China e os resultados processados no Brasil. Esses testes de anticorpos não envolvem a obtenção de nenhum material genético e são realizados conforme as normas éticas e regulatórias do Brasil."

Em seu comentário, Chang também levanta a possibilidade de o novo coronavírus ser uma arma biológica criada em laboratório pelo governo chinês. A acusação é falsa, e já foi tema de outras checagens do Verifica. As melhores evidências produzidas pela ciência até hoje indicam que o vírus tem origem natural, e não foi criado artificialmente.

Gordon Chang é autor do livro The Coming Collapse of China (O Colapso que se Aproxima da China, em tradução livre), de 2001.

Embora o país asiático possua o maior acervo de material genético do mundo, com 80 milhões de perfis e planos para atingir 700 milhões, todos pertencem a cidadãos chineses. Não há qualquer comprovação de que o governo local tenha acesso ao DNA de pessoas de outros países.

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