Menina que sofreu parada cardíaca tinha doença congênita rara; caso não teve relação com vacina, diz governo

Grupos antivacina têm compartilhado caso de criança de Lençóis Paulista nas redes sociais; análise de 10 especialistas descartou relação com imunizante

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Por Alessandra Monnerat
Atualização:

Grupos antivacina têm compartilhado nas redes sociais o caso de uma menina de 10 anos da cidade de Lençóis Paulista, no interior do Estado. Ela foi internada após sofrer uma parada cardiorrespiratória -- no entanto, como mostrou o Estadão nesta quinta-feira, 20, a Secretaria Estadual da Saúde informou que não se trata de um caso de efeito adverso da vacinação contra covid-19.

Segundo o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, 10 especialistas ligados ao governo procuraram a equipe médica que atende a criança. "Se concluiu que não se trata de um evento adverso decorrente da vacina", disse durante coletiva de imprensa do início da aplicação da Coronavac em crianças. "Não tem qualquer relação com o imunizante ministrado."

Vacinas são a principal forma de combater a pandemia de covid-19. Foto ilustrativa. Crédito: Governo de SP  

A menina sofreu uma parada cardíaca cerca de 12 horas depois de tomar o imunizante da Pfizer. O que a equipe médica que analisou o caso informou é que "a criança possuía uma doença congênita rara, desconhecida até então pela família, que desencadeou o quadro clínico".

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O município de Lençóis Paulista chegou a suspender a vacinação após registro do caso. Descartada a relação com o imunizante, a vacinação infantil foi retomada, mediante agendamento. O prefeito local, Anderson Prado (DEM), disse que o motivo da parada cardíaca não estava confirmado no momento da suspensão. Segundo ele, o único outro relato de mal-estar após a aplicação foi o de uma criança que teve febre leve. "Que é uma reação esperada, inclusive entre os adultos", comentou.

Ele também destacou a importância da vacinação para os adultos. "Estamos com aproximadamente 2 mil infectados (por covid-19), é o maior número de infecção que nós já tivemos em Lençóis Paulista. Mas, na nossa UTI, somente um lençoense precisava de cuidados de terapia intensiva, e não está intubado. Isso é reflexo, evidentemente, da população, que tem aderido a vacinação", ressaltou, citando dados de quarta-feira, 19.

Em nota, o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) já havia apontado, em nota, que foi "precipitado e irresponsável afirmar que o caso do município está associado à vacinação". "Na maioria das vezes, os casos de eventos adversos pós-vacinação são coincidentes, sem qualquer relação causal com o imunizante."

A menina está internada na UTI da Unimed Botucatu. A unidade médica informou na tarde desta sexta, 21, que a garota está "estabilizada, acordada e segue sob assistência médica, realizando exames"./ com Priscila Mengue e Everton Sylvestre, especial para o Estadão

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